terça-feira, 24 de abril de 2018

«Mas as crianças… Senhor!»

             Surgiu-me de repente este verso da «Balada de Neve» do Augusto Gil, não porque algo me tivesse levado a pensar na «tanta dor» que amiúde as atormenta – e a essa aludia Augusto Gil – mas por me ter acometido um outro sentimento: o do dever que se está cumprindo nas creches da Misericórdia de Cascais, minorando sofrimentos e, de modo especial, despertando nas crianças sentimentos de beleza, de comunidade, de gosto pela vida.
            Isso eloquentemente se mostrou na exposição «Mãos na Massa» que o Departamento de Infância daquela instituição secular levou a efeito, no fim-de-semana de 20-22 deste mês de Abril, em duas das salas da sua sede. Um mar de cor por aquelas paredes em trabalhos de estampagem, tapeçaria, monotipia, digitinta, colagem, desenho, histórias…
            À sessão de abertura, na tarde de sexta-feira, estiveram presentes as educadoras, os educadores e colaboradores da Santa Casa, também para assistirem à apresentação do vídeo que vai estar disponível na página da instituição, página que ora recebeu um novo e bem atractivo formato.
            Creche da Abóboda, Creche do Arneiro, Centro Alfredo Pinheiro, Centro Infantil do Linhó, Infantário O Pinhal, Creche de S. José. Infantário de Bicesse, Creche da Pampilheira, Creche Teodoro dos Santos – é este o rol das unidades do Departamento de Infância. Todos nunca seremos de mais para que a Santa Casa consiga levar a bom porto a sua vocação de apoiar os mais necessitados, que, neste momento, são – para além das crianças – os anciãos, cada vez mais anciãos, cada vez mais dependentes, cada vez a requererem mais braços para os amparar.
            No minúsculo livrinho distribuído, sobre as ideias e as histórias, como ‘contributos para uma educação participada’, lia-se, em 7 páginas (para obrigar a pensar…) o seguinte: «Quando a expressão / comunica o que a criança sente, / cumpre a função / de desenvolver / o seu equilíbrio harmonioso / e permite-lhe uma relação equilibrada / com tudo o que a rodeia».
            Por seu turno, no texto de apresentação de «Mãos na Massa» se explicita que «estas actividades funcionam como uma linguagem como o são o gesto ou a fala e a escrita. Na educação pré-escolar, o desenho assume especial importância visto que o prazer de escrever deve radicar no prazer de desenhar».
            Este foi, pois, mais um passo para dar a conhecer o trabalho que – com muita abnegação – se está a desenvolver. Uma abnegação habitualmente não compreendida pelas entidades oficiais, mormente pelos burocratas do Governo Central, que só sabem ler com antolhos a letra das leis e se esquecem das pessoas, essas que, por sinal, até também devem ter nas suas famílias…
            Aplauso maior, portanto, para a iniciativa – no voto de que ‘desânimo’ nunca seja vocábulo deste dicionário de afectos.

                                                  José d’Encarnação





 

 

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