quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

Pisão fez 30 anos!

            Não é verdade que a instituição situada no Pisão, no vale por onde passa a ribeira do mesmo nome, na freguesia de Alcabideche, aninhada nas faldas da Serra de Sintra, não é verdade que tenha apenas 30 anos. Vem desde bastantes mais décadas atrás, quando se chamava Mitra, na linguagem popular, e era ‘colónia’ em tempos que só se recordam para evitar que voltem a repetir-se.
            Mas é verdade que se completaram, no passado dia 2 (dia de Nossa Senhora das Candeias!... – que a Senhora nos ilumine!...), 30 anos sobre a entrega, pela Segurança Social, à Santa Casa da Misericórdia de Cascais desse estabelecimento quase prisional, com a finalidade de ser transformado no Centro de Apoio Social do Pisão, hoje com 340 utentes, homens e mulheres, sob o peso dos mais variados graus de… ‘diferenças’.
            A efeméride foi comemorada no dia 3, com a presença de muitas das entidades ligadas à Instituição, de que cumpre destacar – para além, naturalmente, dos corpos sociais da Misericórdia e seus técnicos, que fizeram as honras da casa – o Secretário de Estado da Segurança Social, Agostinho Branquinho; a Presidente do Instituto da Segurança Social, Mariana Ribeiro Ferreira; o presidente da União das Misericórdias Portuguesas, Manuel Lemos; o Presidente da Câmara Municipal de Cascais, Carlos Carreiras; o vereador que detém o pelouro da Segurança Social, Frederico Pinho de Almeida; representantes da Segurança Social a vários níveis (nacional, distrital e local); o Ten. Ferreira Costa (da GNR); órgãos de Comunicação Social local e regional…
            Quis a Santa casa reunir num almoço cerca de 200 pessoas, entre convidados e funcionários da instituição, na medida em que a intenção era manifestar – através da entrega de uma placa comemorativa – a sua gratidão pela colaboração incessante e mui dedicada de funcionários que têm 20 ou mais anos de serviço. Esse agradecimento explicitou a Senhora Provedora, Isabel Miguens, repetindo que a missão do Centro era tentar fazer destes utentes ‘cidadãos com nome próprio’. Manuel Lemos, afirmando – com os antigos «gaudemus cum gaudentes», importa estar alegre com quem se regozija, louvou a excelência da actividade desenvolvida e entregou à Santa Casa a placa de mérito da União das Misericórdias. O presidente da Câmara salientou que, nos 650 anos que Cascais leva de vila, a Misericórdia foi, sem dúvida, o parceiro maior, numa tónica constante de exercício de amor ao próximo.

A visita imprescindível
            A terminar a série de discurso e antes da entrega individual das placas de homenagem, o Secretário de Estado agradeceu o convite que lhe fora endereçado e que vinha ao encontro de um desejo seu, pois lhe haviam dito: «Não podes deixar de ser Secretário de Estado sem visitar o Pisão!». Sabia, disse, quanto era difícil dar satisfatória resposta aos desafios que uma instituição como o Centro diariamente apresenta, mas que é inexcedível a dedicação da equipa e, por isso, numa política de proximidade, que cada vez mais se preconiza, prometeu continuar a promover o diálogo, numa lógica não de tutela mas de parceria.
            Seguiu-se uma visita às instalações.
           Recorde-se que Mota Soares, Ministro da Solidariedade, também visitou o Pisão, a 1 de Dezembro, p. p., inaugurando, na circunstância, um espaço museológico de memória do que foi e ora pretende continuar a ser, noutros moldes e com outra filosofia, este Centro Social.
Pisão - memórias com futuro
            Na verdade, é outro mundo que ali se vive, ao passarmos por entre estes seres humanos de olhar curioso ou ausente, em que descortinamos, bem lá no fundo, dores infinitas, vozes caladas, anseios que a doença nunca deixou tornar realidade. Mas são homens e mulheres como nós. Apenas, a dado momento, algo de essencial lhes faltou – e hoje mui dificilmente se lhes consegue já dar. A não ser – e isso há-de alcançar-se! – a consciência de que… têm um nome e o sabem!

Publicado em Cyberjornal, edição de 04-02-2015:

 

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