domingo, 24 de maio de 2015

Os livros ficam!

            Conta-se que um senador romano terá dito perante os seus colegas, numa solene sessão: verba volant scripta manent, «as palavras voam, os escritos permanecem».
            Por essa norma nos temos guiado ao longo dos séculos. Os monges medievais levaram-na bem a peito, pois muitos deles passaram a vida a copiar manuscritos antigos e é graças a esse árduo e meticuloso empenho que hoje podemos comungar desses verdadeiros tesouros do pensamento humano.
            O facto de, neste ainda dealbar do século XXI, a tendência ser, cada vez mais, preguiçosamente, para o «digital» e os livros já não são livros são ebooks, as cartas já não é o carteiro quem nas traz mas sim o nosso computador que tem uma caixa de correio onde caem a todo o momento dezenas e dezenas de emails, cujo destino é, amiúde, o caixote do lixo, o recyble bin (!)… quando alguém ou uma instituição se disponibiliza a propor a edição de um livro em papel, aqui d’el-rei, será que não pode fazer-se um ebook que, algures no etéreo, mui potente e bem vigiado servidor guardará?    Bem andou, pois, a autarquia são-brasense em incluir no programa das comemorações do centenário várias edições em papel. Aliás, já me regozijei – e muito! – por ter resistido à tendência para disponibilizar a agenda cultural apenas em formato digital; e agora cumpre-me referir três das edições programadas, duas das quais já disponíveis: as cem biografias, da autoria do nosso director; a história breve, de Angelina Pereira; e o IV volume das memórias de S. Brás, dedicado aos ‘monumenta’, ou seja, aos inúmeros documentos que o Padre Afonso Cunha recolheu.
            Não podemos senão… aplaudir! As festas e o fogo-de-artifício encantam, mas são momentâneos; os livros ficam, de facto!
                                                                                    José d’Encarnação

Publicado em Notícias de S. Braz [S. Brás de Alportel] nº 221, 20-04-2015, p. 21.

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