quinta-feira, 22 de fevereiro de 2018

O nome de Óscar Ribas perpetuado no Cabreiro

            O nome do escritor angolano Óscar Ribas está agora perpetuado na toponímia do lugar do Cabreiro, freguesia de Alcabideche.
            Correspondeu assim a Junta de Freguesia a uma proposta que lhe fora feita nesse sentido, porque o escritor passou os últimos anos de sua vida no Lar da Santa Casa de Misericórdia de Cascais, nas Fisgas (Alcoitão), desde 1983 até ao seu falecimento, a 18 de Junho de 2004.
            Nascera em Luanda a 17 de Agosto de 1909. Perdeu a visão aos 36 anos, como consequência de uma doença congénita (retinite pigmentária), mas isso não o impediu de sempre trabalhar na preservação, pela escrita, da memória tradicional angolana.
            Publicou 15 livros, dos quais «Cultuando as Musas» (1993), o único de poesia, foi apresentado no Teatro Mirita Casimiro, no Monte Estoril. O seu «Dicionário de Regionalismos Angolanos», solenemente lançado em Lisboa, constitui, sem dúvida, a sua obra maior, pelo exaustivo trabalho de pesquisa que representa. Foi o seu penúltimo trabalho publicado, porquanto ainda teve ocasião de ter em letra de forma mais um, «Temas da Vida Angolana e Suas Incidências», embora nunca tivesse havido oportunidade de publicamente ser apresentado.
            O Município de Cascais atribuiu-lhe a medalha de mérito cultural e, a 26 de Maio de 2000, em que se comemorou o Dia de África, prestou-lhe significativa homenagem.
            É Óscar Ribas, que tem museu com o seu nome em Luanda, um dos maiores expoentes da cultura angolana. No seu amplo quarto do Lar das Fisgas, recebia amiúde não só as personalidades que faziam questão em o visitar como muitos alunos que da sua boca (de «Pai Velho») gostavam de ouvir as histórias das suas peregrinações – suas e dos seus muitos informantes – pelo território angolano em demanda do que era típico, mormente no domínio da linguagem e dos costumes. Não pode estudar-se a Etnologia de Angola sem referir o nome de Óscar Ribas.
            Tive ocasião de privar com ele durante bastante anos e com ele muito aprendi, por ser, na verdade, um grande exemplo de tenacidade e de perseverança, apesar das adversidades.
            Congratulo-me, pois, vivamente com a iniciativa da Junta. E o lugar do Cabreiro, onde agora se evoca o seu nome, pode significar, pelo progresso que está registando e por se encontrar assim quase dependurado nas faldas da serra, o aconchego visual que Óscar Ribas não pôde ter, mas que nas Fisgas bem sentia, pelos temperados ares que também ali da serra sopravam e que ele certamente imaginava verde e bonita, não como as paisagens angolanas, mas de uma beleza diferente e inspiradora.
                                                                    José d’Encarnação


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