Uma singela autobiografia enriquecida com divertidos episódios que se não esquecem:
–
o das jovens loiras nuas assustadas (p. 106);
–
o munícipe que lhe mostrou um revólver (p. 106);
–
o do senhor que se regozijara por Georges Dargent não lhe ter passado pelas
mãos (era o responsável pela morgue
do Hospital de Santa Cruz!...) (p. 111).
–
o da jovem juíza que não percebera que «imprescindível para os serviços»
equivalia a «urgente necessidade de serviços» (p. 168).
Relevo
duas passagens.
1ª)
A inauguração do cemitério-jardim de
Trajouce e a emoção do saudoso
Carlos Sota, então vereador responsável
pelos cemitérios, como que num retorno à sua juventude salesiana, por o
presidente lhe ter pedido para ler a epistola na missa inaugural: «Senti-me
como quando era rapaz salesiano e obediente» (p. 146).
2ª)
A sua ideia de, na imprensa
regional, (cito) existirem «dois jornais que normalmente
só diziam mal do nosso trabalho, pois estavam ligados à oposição ou a interesses encapotados» (p. 174). Tive
ocasião de, afavelmente (como sempre foi timbre no nosso constante
relacionamento), lhe repetir aquela célebre frase «Olhe que não, olhe que
não!», porque eu exercia, na altura, as funções de chefe de redacção do «Jornal da Costa do Sol» e era bem diversa a
orientação que tínhamos. A sua opinião
era, porém, compreensível, porque, de resto, a vemos igual (salvo raras
excepções) em quem exerce funções autárquicas.
Festeja
«Costa do Sol – Jornal» o seu 6º aniversário. E a orientação
continua a ser essa: a da independência dos poderes. Critica-se, com
argumentos, quando é de criticar; louva-se, quando é de louvar. Privilegia-se a
informação e deixa-se para os
colunistas – oriundos, clara e expressamente, dos mais diversos quadrantes, a fim
de se fornecer um leque de perspectivas – a formulação
de opiniões, a apresentação de
críticas, as tomadas de posição,
que, mui naturalmente, não vinculam a posição
oficial do jornal.
Reza
o seu Estatuto Editorial:
«O Costa do Sol – Jornal compromete-se a separar, de forma
inequívoca, a informação da opinião,
sem prejuízo do dever e direito da interpretação
dos fatores e da liberdade de expressão dos colunistas».
Assim
se tem feito. Assim se continuará a fazer, estou certo – e que o seja durante
muitos anos!
José d’Encarnação
Publicado em Costa do Sol Jornal (Cascais), nº 287, 2019-06-26, p. 6.
Há mui...tos anos assisti, na Gulbenkian, à Comunicação de um notável jornalista francês que, entre outras coisas, falava de objectividade jornalística. "Não há - dizia ele justificando porquê - o melhor é assumirmos as várias subjectividades".
ResponderEliminarO esforço de alguns periódicos para manterem independência e isenção, é quase hercúleo, nos tempos de hoje, mas é de louvar a tentativa de captação de gente honesta como tu, meu Amigo e distinto Professor.
Um grande abraço