segunda-feira, 13 de setembro de 2021

Um mural no Bairro da Pampilheira

Rocket01, artista de renome internacional  

            Rocket01 é o nome artístico de Chris Butcher.
        Começou, em 1994, a pintar com spray, tendo-se mantido como artista freelancer até 2005, altura em que iniciou formalmente a sua carreira numa cidade rural do Norte do Reino Unido, nos arredores da cidade de Sheffield, onde pintou edifícios abandonados. Mais tarde, com a emergência da arte urbana, partiu dos meros grafitos para o centro urbano, tendo começado a pintar paredes mais amplas e proeminentes.
O seu estilo é um misto fantasioso de surrealismo e de retrato, em aquáticos tons de turquesa e verdes, que se tornaram assim a sua típica paleta de cores. Por detrás das suas criações pode sentir-se toda uma mensagem de preservação do ambiente, numa visão optimista de conluio íntimo entre a ciência, a tecnologia e a Humanidade.
Observem-se exemplos em https://www.festivalmuro.pt/en/detail/rocket01/ página que remete para
 

O mural da Pampilheira

No seu mais recente mural, realizado de 1 a 11 deste mês de Setembro no Bairro da Pampilheira, em Cascais, é bem visível esse seu estilo, onde harmonicamente se casam a velocidade quotidiana (simbolizada na mota) com a necessidade de parar a fim de se admirar a beleza humana (aqui consubstanciada no rosto duma jovem) e a do mundo envolvente (as flores, os peixes…). O todo envolvido na magia das estrelas por ali espalhadas, como que saídas duma varinha mágica a apontar a importância do sonho!...
Na parede estava um grafito antigo: «I just want to surf», «Eu só quero é surfar!». A frase não ficou, mas a ideia aí está: a vontade de, em liberdade, ir por aí, na contemplação boa da Natureza!
Nas flores imaginamos os pampilhos, que – devido à sua abundância nas searas de outrora – ao sítio deram o nome: Pampilheira. Nos peixes e nas gaivotas saudamos o mar, que, afinal, também está logo ali. E o disco voador lá no cimo é convite expresso a deixar livre a imaginação no seu perpétuo esvoaçar…
            Era uma empena desagradável na esquina das ruas Diogo do Couto e Eça de Queiroz. Precisava de… vida! Cumpre, pois, agradecer à Câmara Municipal de Cascais a pronta disponibilidade manifestada para dar cumprimento à sugestão que há um ano lhe foi feita de convidar um artista desta craveira internacional para aí se concretizar um mural.
            Feito o contacto com a associação de jovens «Somos Torre», os seus dinamizadores Zeka Robz Stock e Iuri meteram mãos à obra, fizeram todas as diligências necessárias e… o resultado aí está!

                                                                       José d’Encarnação

 

4 comentários:

  1. Gostei muito de ler o texto e a informação que veicula. Mais uma vertente da chamada cultura urbana. A eficácia destes murais na transformação de espaços(muros, paredes) degradados, parece agora exercer a sua função na Pampilheira. Impacto causará. E há-de suscitar várias leituras, já que a imagem é polissémica, como as palavras. Mas é fácil concordar com a descodificação do autor do texto. E se os moradores do bairro aprovam esta intervenção, quem serão os de fora para se manifestarem contra? Um abraço.

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  2. A arte urbana ganhou finalmente significado excecional. Ainda bem. Se público não vai as galerias, as galerias vêm até ao público.
    Aliás, pensando bem, foi sempre assim. Aí estão elas, as belas artes, para confirmar. São de sempre! Fechar as artes nas galerias foi um equívoco temporal, snob, classista.
    O seu lugar é todo o espaço público.

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    1. Tens toda a razão, mui querida Inês! Assim se abrem horizontes e se excita a capacidade de nos maravilharmos!

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