terça-feira, 2 de abril de 2013

Velhos, voluntários, vitoriosos!

           Achei que seria interessante um título com três vvv. É que aconteceram nestes últimos dias duas circunstâncias que me obrigaram a reflectir de novo e a pegar num tema que aguardava oportunidade há quase três anos.
            A 20 de Março, Alice Vieira fez anos e escreveu no seu mural do facebook: «E pronto, não há nada a fazer: tenho 70 anos! Adoro ter 70 anos; odeio ser septuagenária...».
            Nesse mesmo dia, inaugurava-se em Cascais um pólo da Academia Sénior do Núcleo do Estoril da Cruz Vermelha Portuguesa (96 professores voluntários, mais de mil alunos!...) e muito se falou, pois, de envelhecimento activo, do imprescindível papel do voluntariado, dos «jovens há mais tempo» que ainda detêm importante função a cumprir na sociedade, quais transmissores de uma experiência adquirida.
            Concordo com Alice Vieira: ‘septuagenário’ soa a velho, desprotegido, carente, passivo, apto para… morrer; enquanto, ao invés, ‘ter 70 anos’ acentua o que se viveu e se aprendeu e a disponibilidade para continuar a viver! Uma tomada de consciência que, felizmente, pouco a pouco vai ganhando corpo no quotidiano das famílias e da comunidade.
            E isso fez-me voltar ao tal apontamento que tomei há três anos, quando, numa viagem, li na UP (a revista da TAP) de Maio de 2010 (p. 28-29) a reportagem (ainda disponível em: http://www.upmagazine-tap.com/2010/05/salvando-o-planeta-inpakt-com/) sobre uma comunidade de voluntários através da Internet, a Inpakt.com, criada por Bernardo Macedo. A pessoa inscreve-se, dá a área de residência, informa do que gostaria de fazer. As instituições também. E a iniciativa nasceu do facto de Bernardo Macedo se ter inscrito como voluntário e… nunca mais o contactaram! Tinha, na altura, 26 anos, apresentava-se como «empreendedor social»; a página está em fase de reformulação, acessível, porém, em www.inpakt.com, onde pode fazer-se um pré-registo.
            ‘País de velhos’? ‘País que não é para velhos’? Nada disso! Queremos é um país onde os anciãos, como outrora, ocupem o lugar de sabedoria que lhes cabe, sem que lhes estejam sempre a lançar em cima o anátema de que… “só servem para receber a reforma e nada de proveitoso há a esperar de vocês”! Mentalidade mesquinha a urgentemente extirpar! «Adoro ter 70 anos; odeio ser septuagenária...». Pois.

Publicado em Renascimento (Mangualde), nº 613, 01-04-2013, p. 12.

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