sábado, 4 de maio de 2013

A orla marítima

           
Extasia-me a orla marítima desde a Boca do Inferno até ao Guincho. A extensão do lapiás, onde o vento e as chuvas se divertem a escavar pequeninas pontes e túneis; as plantas as mais variadas e multicores espreitam por entre as rochas, a contarem do milagre de existirem ali; a agitação constante das águas, agora mais impantes de força, a bater, furiosas; daqui a pouco, ao invés, numa carícia melancólica…
            E o pôr-do-sol? Sim, já vi o raio verde, numa dessas tardes mornas de Outono. Foi naquela enseada antes do Cabo Raso, de fenda enorme, com os raios a cintilar lá em baixo, a gente espreita por cima e é como se o Sol ali se estivesse a pôr e as águas brincam, sabendo que pouco a pouco vão tornando a fenda maior e, um dia, obrigarão os homens a aumentar a protecção… Do outro lado, a onda vem, bate na rocha e há um chafariz de leite que brota e se despeja. Uma vez, três vezes, sempre!...
E sentimo-nos minúsculos diante da Beleza, da Força, da Majestade, do Infinito além…

Publicado na Agenda Cascais [Câmara Municipal de Cascais] nº 62, Maio.Junho 2012, p. 31.

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