sexta-feira, 24 de maio de 2013

Ana Moura encantou no Museu do Oriente!

             Na sessão comemorativa dos 25 anos da Fundação Oriente, a fadista Ana Moura apresentou o seu mais recente álbum «Desfado» e encantou os convidados que encheram por completo o auditório do Museu do Oriente, em Alcântara, na noite de terça-feira, 21.
            O Dr. Carlos Monjardino, presidente do Conselho de Administração da Fundação, saudou os presentes e deu conta, em breve alocução, do que foram os 25 anos da instituição (constituída a 18 de Março de 1988), objectivos propostos e atingidos, nomeadamente no que concerne a mais estreita ligação entre Portugal-metrópole e os que foram seus territórios no Oriente – Macau (de modo especial), Timor e Goa. A promoção da língua e da cultura portuguesas através das mais diversas iniciativas constituiu preocupação fundamental, em estrita colaboração com as entidades locais, sendo de realçar o importante papel do Instituto Português do Oriente, em Macau, e o apoio às comunidades macaenses. Inseriu-se também nessa política a criação, em 2008, deste Museu do Oriente, como «ponte entre culturas remotas», a fim de melhor se «contribuir para o encontro entre Ocidente e Oriente e para uma relação entre civilizações em que o conhecimento, a arte e também as relações económicas substituam a ignorância, o fanatismo e a guerra».
            O concerto de Ana Moura foi inolvidável. Não apenas pelos temas cantados mas também – e quiçá, sobretudo – pelo modo como a fadista e os seus músicos se apresentam, numa contagiante empatia, porque não é apenas a voz, a melodia, o virtuosismo com que dominam a seu bel-prazer os instrumentos: é a irradiação para o público de uma alegria, de um prazer partilhado, «gostamos do que estamos a fazer e não resistimos a sorrir, a menear-nos no doce enleio para que a melodia nos arrasta»…
            Esguia, nos seus longos cabelos negros, vestido negro também, até aos pés mas envolto na finura transparente de organza (diríamos!), a estilização minimalista de um xaile, sorriso pleno e permanente, a vénia singela e breve na retribuição dos quentes aplausos… – Ana Moura encantou!
            Deixou-nos, a dado passo, com os seus músicos. E foi um festival! Ensaiada e bem original rapsódia – não foi exactamente rapsódia, mas de onde em onde colhíamos trechos de fados nossos… – onde o espírito do jaze esteve bem presente, para cada um dos músicos brilhar a solo, num virtuosismo singular: Ângelo Freire, na guitarra portuguesa (magnífico!); Pedro Soares, na viola de fado; André Moreira, na viola baixo; João Gomes, nos teclados; e Márcio Costa, na bateria e percussões. Não regateámos merecidos aplausos, mesmo a meio do longo e saborosamente orquestrado trecho com que nos brindaram!
            Além do conteúdo do álbum «Desfado», tivemos ‘direito’ a vibrar com o seu já consagrado «Búzios» («Vê como os búzios caíram virados p'ra norte / Pois eu vou mexer o destino, vou mudar-te a sorte»)… E, no final, os longos aplausos apenas conseguiram mais um fado – que nos apetecia ficar ali a noite toda. Mas não podia ser – uma requintada ceia esperava os convidados numa sala ao pé.

            Publicado em Cyberjornal, edição de 22-05-2013:

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