segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Fernando Pessoa e Cascais

              Como se sabe, causou alguma perplexidade o facto de se ter optado por desmontar a Sala de Arqueologia do Museu Condes de Castro Guimarães, em Cascais, para nela se instalar o memorial da candidatura falhada de Fernando Pessoa ao lugar de conservador daquele museu.
            A inauguração do novo espaço fez-se com pompa e circunstância, após as peças arqueológicas – algumas das quais únicas no mundo – terem tomado o caminho do grande contentor, onde religiosamente se guardam as relíquias do longínquo passado cascalense.
            Tudo isso foi feito como se, na verdade, se tratasse da primeira grande homenagem que o município de Cascais prestava a um dos vultos maiores da literatura portuguesa. Ora sucede que os seus promotores terão esquecido que, na edição de 5 de Dezembro de 1985, o Jornal da Costa do Sol, celebrando o cinquentenário da morte do poeta, dedicou um suplemento de oito páginas (oito!), a evocar as relações do poeta com os concelhos de Cascais e de Oeiras.
            Aí se conta, em pormenor, tudo – e mais alguma coisa! – o que viria a ser exposto nesse novel espaço do museu: porque é que o poeta queria vir para Cascais, a sua relação com a Casa de Saúde de Cascais; toda a documentação referente à sua candidatura; ampla história, elaborada por Victor Belém, intitulada «O mistério da Boca do Inferno – Fernando Pessoa versus Aleister Crowley»…
            Talvez não fosse, pois, má ideia que os promotores da iniciativa no museu buscassem essas páginas, as digitalizassem e as pusessem ao dispor dos visitantes – enquanto o memorial estiver montado.

Publicado em Cyberjornal, edição de 02-09-2013:

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