quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Vamos chamar os animais!

            – Buche, buche, buche!
            E lá vem ele. Não lhe sei o nome. Guarda o prédio do meu vizinho, que raramente está cá e, por isso, quando sobra ossinho de jeito, não hesito e vou lá dar-lho.
            Surpreendi-me quando assim o chamei pela primeira vez. E dei-me conta de que era assim (ou, talvez, ‘pôche, pôche’) que meu pai chamava o nosso cão (sempre tivemos um), fosse qual fosse o seu nome. Donde virá a palavra não no sei; do francês «bouche», ‘boca’, que é como quem diz «Anda cá, menino, que tenho algo para trincares!»? Quem sabe?!
            Como também os gatos, sempre os chamámos «bechanina, bechanina, bechanina!...». E eles percebiam. Aliás, eu acho que os animais de companhia depressa aprendem as nossas vozes e se apercebem, pelo tom, o que é que deles queremos.
            Propôs-me o Sr. Padre Afonso que eu desse conta aqui do que ele, a esse propósito, já investigara. Cá vai, com o meu agradecimento:
            Gato: bechana, bechana, bechana (Cachopo e Olhão).
            Cabra: bija, bija, bija (Cachopo).
            Galinha: pita, pita, pita (Fuzeta e Alvor); piu, piu, piu; gacha, gacha, gaxinha (Alportel).
            Pato: pata, pata, pata (Alvor).
            Porco: chico, chico, chico (Olhão).

Publicado em VilAdentro [S. Brás de Alportel] nº 176, Setembro de 2013, p. 10.

 

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