Maria Helena Simões Frade nasceu em Lavacolhos,
Fundão, para onde se realizou o seu funeral, no final da tarde de sábado, dia
21. Licenciou-se em História, na variante de Arqueologia, em 1979, na Faculdade
de Letras da Universidade de Coimbra, e nessa mesma escola defendeu, em 2002, a tese de mestrado em
Arqueologia Romana, intitulada Centum Celas: uma villa romana na Cova
da Beira (disponível em http://hdl.handle.net/10316/9773),
que preparara sob orientação do Professor Jorge de Alarcão.
Começou
a sua vida profissional no ano lectivo de 1979/1980, como docente dos ensinos
básico e secundário, em escolas de Vila de Rei, Crato e Anadia, ingressando, em
1983, para o Serviço Regional de Arqueologia da Zona Centro, funções em que se
manteve, nos diversos organismos que se sucederam a esta estrutura regional da Secretaria
de Estado da Cultura.
Fora
casada com José Carlos Caetano, também ele precocemente arrebatado do nosso
convívio, e com o qual trabalhara, por exemplo, na Lage do Ouro (Crato),
necrópole romana cuja meticulosa escavação muito contribuiu para o conhecimento
das práticas funerárias na Lusitânia (veja-se, a título de exemplo, a comunicação
«Ritos funerários romanos no Nordeste Alentejano» feita ao 2º Congresso
Peninsular de História Antiga. Actas (Coimbra, 18-20 de Outubro de 1990),
Coimbra, 1993, p. 847-872).
O
nome de Helena Frade fica indelevelmente ligado a sítios arqueológicos onde a
sua acção foi deveras marcante: as termas de S. Pedro do Sul, o anfiteatro de
Bobadela, em Oliveira do Hospital («A arquitectura do anfiteatro romano de
Bobadela», Colóquio Internacional ‘El Anfiteatro en la Hispania Romana’ (Mérida
1992), Mérida, 1994 349-371), Almofala («A Torre de Almofala», Actas das IV
Jornadas Arqueológicas da Associação dos Arqueólogos Portugueses (Lisboa 1990),
Lisboa 1991, 353-360) e Centum Celas («A torre de Centum Cellas (Belmonte):
uma villa romana», Conimbriga 32/33 1993-1994 87-106).
Integrou
também, de 1980 a
1983, a
equipa luso-francesa de arqueólogos que escavou a villa romana de S.
Cucufate.
A
experiência assim adquirida levou-a, pois, a interessar-se de modo especial
pelos ritos funerários romanos e pela problemática das termas, tendo nesse
âmbito preparado (e publicado) comunicações em reuniões científicas nacionais e
internacionais e artigos, porque foi seu timbre dar a conhecer o que lograra
investigar, por exemplo na Informação Arqueológica, enquanto esse oportuno
órgão existiu. Por isso foi convidada a participar com textos de síntese acerca
dessas temáticas no II volume (O Mundo Luso-Romano) da História de Portugal
publicada, em 1993, por Ediclube (p. 331-340, sobre os ritos, e 350-355,
sobre as termas).
Helena
Frade pautou o seu modo de estar na vida – nomeadamente na profissional – pelo
rigor, pela frontalidade, pela vontade de contribuir para a melhoria das
pessoas e das instituições. Nem sempre terá sido compreendida, sabemo-lo os que
de perto a acompanhámos; mas sabemos quanto era lídima a sua intenção. A saúde
não a ajudou; a morte prematura de seu grande companheiro de lide, a
25-01-2006, determinou muito a sua atitude. Fica-nos, pois, a saudade de uma
lutadora por ideais; de uma Amiga; de uma arqueóloga competente e cumpridora.
Que
Deus lhe dê o eterno repouso!
Publicado em Cyberjornal,
edição de 22-06-2014:
Muito obrigada por este testemunho. Ainda hoje me comoveu.
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