Foram
cinco os monumentos seleccionados:
‒
a sumptuosa villa romana de Milreu perto de Faro, que terá sido
importante residência de rico magistrado da vizinha Ossonoba;
‒ as minas romanas de Vipasca (Aljustrel), de
que temos duas placas de bronze com a legislação imperial relativa quer à
exploração do minério quer à vida quotidiana (há regras para o concessionário
dos banhos, para o sapateiro, para o barbeiro e até aí se diz que os
professores ficam isentos de impostos!...);
‒
a cidade de Tongobriga (Freixo, Marco de Canaveses), de que se conhecem
amplas estruturas urbanas, como o forum e as grandes termas públicas;
‒
o castro de Monte Mozinho (Penafiel), seguramente um dos maiores castros
proto-históricos portugueses, que também foi povoado pelos Romanos
recém-chegados;
‒
finalmente, já em plena época medieval, o mosteiro de S. João de Tarouca, um
monumento ao saber dos monges de Cister.
Para
além de pormenorizada visita ao monumento em si, onde a reconstituição
tridimensional virtual – levada a cabo pelo engenho dos técnicos de computação
gráfica da Unidade de Arqueologia da Universidade do Minho, sob coordenação de
Paulo Bernardes – não deixará de ser aliciante maior, acentue-se que, em torno
de cada um dos sítios se geraram enormes ‘cumplicidades’, com a mais ampla
colaboração local, pois que a realizadora do programa, Maria Júlia Fernandes,
se não limitou a contar a história do castro, da villa ou da cidade, mas
procurou integrá-la na vida das gentes de hoje e de outrora. Assim, se no
Algarve, partimos de uma conversa a propósito de uma escrava e de uma senhora
que morre aos 80 anos e nos demoramos, com um pescador, a admirar os peixes
representados nos mosaicos policromos, em Aljustrel convivemos com os mineiros
e seus cantares; em Tarouca, espraiamos o olhar pelos úberes vinhedos além e
rejubilamos com a ‘descoberta’ recente das enormes potencialidades económicas
da baga do sabugueiro…
Publicado em Renascimento (Mangualde), nº 640, 01-06-2014, p. 12.
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