Tratava-se,
naturalmente, de uma bicicleta pequena, de brincar, para andar na rua ju nto à casa. Nunca se pusera, por exemplo, a hipótese
de ser esse um meio de deslocação
para a escola; unicamente, para ir, quando muito, à mercearia do lugar comprar
pão ou legumes... Também corridas de bicicletas era só no âmbito das
brincadeiras locais.
Quando
fiz 14 anos, fui à Câmara Municipal apresentar-me para tirar a «licença de
condução de velocípedes». Tive de
provar que sabia conduzir e conhecia minimamente as regras a respeitar na via
pública. Já não tenho esse documento, mas, a 27 de Janeiro de 1968, 23 anos
feitos, essa licença foi-me renovada, para «velocípedes com motor», porque, entretanto,
surgira o meio de transporte logo a seguir em categoria: a Sachs Minor!
Escrevi «meio de transporte». Na verdade, a bicicleta,
nesses anos 50 do século XX, era o meio de transporte habitual das classes
trabalhadoras. Meu pai ia de bicicleta para a pedreira e, para os demais
trabalhadores, ter bicicleta era também um sonho a realizar.
Em
Portugal, há regiões, como a Bairrada, onde a bicicleta é, ainda hoje, o meio
de transporte mais usado por homens e por mulheres; no entanto, o país – salvo
no sul – é muito acidentado, de modo que andar de bicicleta exige um esforço anorma l, que determinou, por isso, o seu escasso uso
quotidiano. E, por conseguinte, nas áreas urbanas, para além daqueles que
praticam ciclismo, a bicicleta utiliza-se como forma de passeio turístico, não
se poupando as autarquias a disponibilizarem, para o efeito, bicicletas
gratuitamente ou a muito baixo custo e a construírem ciclovias, que são, na
realidade, muito frequentadas por quem vê na bicicleta um excelente meio de se
manter em boa forma física!
José d’Encarnação
Publicado em Portugal-Post – Correio luso-hanseático [Hamburgo], nº 58, Novembro de 2015, p. 33 (com tradu
Anabela Castanheira
ResponderEliminar28/11 às 16:54
Velhos tempos, amigo! Lembro-me tão bem da mercearia aonde ia buscar, com a minha irmã, algumas coisas e, se sobrasse dinheiro para umas pinhas, ficávamos todas contentes (pinhas eram uns rebuçados de caramelo e amendoim num palito embrulhados em papel vegetal).
Maria Delfina Vasconcelos
ResponderEliminarAhah!! Como nós te conhecemos, Zé!!! Saudades...
António De Azevedo Coutinho
ResponderEliminar28/11 às 18:07
Conheço bem essa assinatura! a minha carta de condução é de 1969 e foi o mesmo presidente que assinou. Guardo religiosamente na minha secretária e acabo de verificar a coincidência.
Aqui vai o original.
Pudera! É a do teu pai, que Deus haja! :) Obrigado por teres juntado a tua carta de velocípedes (simples). Vou, com a tua permissão, incluí-la no texto, para que conste, porque é bem possível que não haja nenhum exemplar deste modelo em arquivo. Aqui fica. Um abraço, grato, meu caro António!
EliminarJoaquim Cardoso
ResponderEliminar28/11 às 18:28
Coisa gira. Também tinha uma "quase" igual porque era de 1969. Não faço a mínima ideia onde estará...
Gisela Carvalho
ResponderEliminar28/11 às 19:28
Reliquía Prof. Bj GI
Luisa Bernardes 28/11 às 21:13
ResponderEliminarPois o meu pai, como homem evoluído para o seu tempo, ofereceu-me uma bicicleta Vilar roda24, quando eu passei para a 3ª classe, e passei a fazer as viagens para a escola, entre a Torre e Cascais, sempre na minha linda bicicleta verde. ☺
Jose Manuel G. Barros 28/11 às 21:32
ResponderEliminarAinda tenho a minha licença da CMC para poder circular dos anos 50.
Bem hajas, Guia Barros! Afinal, a nossa geração ainda vai guardando umas «coisas» para a História! Abraço!
EliminarAurora Martins Madaleno 29/11 às 0:04
ResponderEliminarInteressante. Gostei de ler o texto sobre os velocípedes e os diversos comentários.
É um pouco da nossa história comum que assim se partilha, Amiga Aurora!
EliminarLara Pinto 29/11 às 23:55
ResponderEliminarO meu sonho não foi ter uma bicicleta mas sim aprender a andar de bicicleta. Os anos passam e as lembranças ficam. Quando o conheci já andava de carro. Bj
Artur Santos
ResponderEliminarEu ainda não tinha licença e já tinha partido a cabeça no canteiro da escola (ainda hoje tenho a marca na testa) por correr atrás da motorizada do Zé Julio.
Olá José
ResponderEliminarSou um colecionador de coleções - tudo especial para mim - nada de especial para a humanidade - fizeste-me ir em demanda da minha carta para velocípedes obtida em Lourenço Marques - não a encontrei ainda mas sei que a tenho - encontrei reunidos umas dezenas de outros cartões da geração de meus pais à dos meus filhos, que acho interessantes até pelo formato que têm. Irei mostrando na minha página de Fbook e a tal de L.Marques há-de aparecer - grato pelas dicas que sem quereres deixas nas tuas crónicas - um abraço…. -