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Hoje fui almoçar lá acima, junto àquela ruína, à casa da minha mãe. Muito,
muito vento por lá, de maneira que ela, quando eu cheguei, suspirou:
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Hoje, tá cá um escarapão!…
Claro,
também ele foi ao dicionário.
-
Aí, a palavra tem outro sentido… Terá a ver com as escarpas junto ao mar? Lembro-me de Sagres, pois
quando lá vou o vento açoita sempre aquelas enormes encostas de rochas… Desde
pequeno que a oiço ali na boca da minha mãe e avós. Já lhe perguntei o que era
um escarapão e diz-me sempre que é quando faz muito vento. «Então não vês? É
como está hoje!».
O
dicionário diz de escarapão que se trata da designação
dada a uma «pessoa ríspida, de maus modos» e, curiosamente, também é escarapão
uma «cobra não venenosa»! E chama-se escarapela a «briga em que os contendores
se arranham ou arrepelam»…
Um
vento cortante pode ser, pois, uma escarapela em ponto grande, porque, se não
nos acautelamos, bem nos agatanha orelhas e nariz, o marafado!...
José d’Encarnação
Publicado em VilAdentro [S. Brás de Alportel] nº 203, Dezembro de 2015, p. 10.
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