Presidiu
à sessão o próprio Guilherme d’Oliveira Martins, que estava ladeado por Dinis
de Almeida (da Estoril-Sol), por Carlos Carreiras (presidente do município), pelo
premiado e por Mário Assis Ferreira, administrador da Estoril-Sol.
Foi
a 17ª edição deste concurso, que
visa, homenageando a memória de Fernando Namora (a filha, Margarida Namora, esteve
presente na sessão), galardoar uma obra de reconhecido mérito.
Digno
desse prémio foi, pois, nesta edição
o romance As Primeiras Coisas, onde,
nas palavras do presidente do júri, “Bruno Vieira do Amaral revela uma grande
segurança narrativa e um excelente domínio da língua portuguesa, escolhendo uma
personagem colectiva, o Bairro Amélia, de onde sai Bruno Eugénio» e onde o
autor nasceu e cresceu. Acrescentou, a justificar a decisão tomada, que esse
bairro, sito na margem sul do Tejo, se assume como personagem colectiva, dado
que, sendo, muito embora, «um território delimitado, construído à imagem dos
bairros populares que, no início e em meados dos anos 80, foram nascendo mais
ou menos clandestinamente à sombra de aglomerados industriais», «representa a
sociedade humana na sua diversidade e na sua complexidade, sendo um espaço de
liberdade e de reconhecimento».
Trata-se
da primeira obra de ficção de Vieira
do Amaral, que, formado em História Moderna e Contemporânea, tem desenvolvido
actividade como crítico literário, tradutor e editor da revista LER, sendo de
destacar a sua obra ensaística Guia para
50 Personagens da Ficção Portuguesa (Lisboa, Editora Guerra e Paz,
2013).
Mário
Assis Ferreira começou por assinalar a «excelência selectiva do júri», uma vez
que, por não apresentarem qualidade, não se galardoara nenhuma das obras candidatas
ao Prémio Revelação Agustina Bessa
Luís. «A promoção da cultura»,
disse, «é um desígnio que acompanha a nossa actividade. A aposta na Cultura, na
Arte e no Espectáculo» assume-se como elemento distintivo da Estoril-Sol. Por
isso, ora se institui também um novo prémio, consagrado à Cidadania Cultural,
com periodicidade anual, no valor de 40 mil euros, em homenagem à memória de
Vasco Graça Moura, que presidiu aos júris destes prémios literários da
Estoril-Sol. «Temos um compromisso com a Literatura e com a Arte»., sublinhou.
É, por exemplo, a revista Egoísta «um
mila gre de sobrevivência». Escreveu Thomas
Mann, perorou, que a Cultura se respira; continuamos a querê-la respirar aqui,
com «a Cultura a servir-nos de oxigénio»!
Após
a formalidade dos agradecimentos protocolares, Vieira do Amaral declarou querer
fazer «um discurso sobre a decência». Evocando De hominis dignitate, o
famoso discurso pronunciado, em 1486, por Pico della Mirandola, também chamado
«Manifesto da Renascença», e citando, mais adiante, Camus, enveredou, de facto,
por um discurso erudito, sempre com medo de que os óculos lhe caíssem, uma
espécie também de manifesto, para que o Homem não degenere em besta, saudando –
se bem compreendi – aqueles que, em tempo de peste, acolhem a decência.
A
escultura a simbolizar o prémio foi entregue pelo presidente do júri e o sobrescrito,
com um cheque de 15 000 euros, pelo Dr. Assis Ferreira. Estiveram presentes
cerca de meia centena de personalidades, ligadas, de modo especial, à Cultura.
Seguiu-se,
no Restaurante Mandarim, um jantar em honra do premiado.
José d’Encarnação
Publicado em Cyberjornal, edição de 02-12-2015:
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