Para
caracterizar essa atitude até já se inventou um termo: «fulanizar». Que é como
quem diz: «Isto é de fulano, foi ele que fez!».
Por
oposição , surge-nos de imediato a
célebre frase do pensador inglês John Donne (1572-1631): «Nenhum homem é uma
ilha» – a relembrar não apenas que é cada um de nós fruto também do ambiente
que nos rodeia do nascimento até à morte, mas que, por si sós, difícil se torna
levar a cabo obra grandiosa.
Valorizar
as pessoas tem sido lema deveras actuante nos últimos anos da vida são-brasense.
Dois dos livros publicados no âmbito das comemorações do centenário – 100 Anos 100 Biografias (Figuras do Passado
São-Brasense), de Joaquim Manuel Dias, e Desafiando o Destino – a história da minha vida, de David Martins
Dias – são disso prova evidente, como o são as evocações que colaboradores do Noticias de S. Braz aqui continuam a
fazer de vultos que fizeram história, que «deixaram rasto», para usarmos da
expressão de Escrivá
de Balaguer.
Por
isso, de igual modo se aplaude a clarividência com que os respons áveis pela nossa agenda cultural S. Brás Acontece sistematicamente dedicam espaço àqueles que, nas
artes e mesteres, foram – e são! – nomes a perpetuar. A rubrica que ora mui significativamente
se chama «Vales da Memória» merece, pois, o maior aplauso. Na agenda de
Janeiro, por exemplo, foi a vez de Júlio Negrão, cabeleireiro, republicano até
à medula, também ele já quase uma lenda são-brasense.
E,
para além do que se escreve em papel, há o que se escreve na pedra, não fôssemos
nós terra de canteiros!... A toponímia, para além de consagrar em lápides os
nomes por que, na tradição , eram
conhecidos caminhos, veredas e ruas, constitui igualmente uma forma de honrar
quem, pelos seus actos, enobreceu S. Brás de Alportel.
Aliás,
se até há algum tempo só de quando em quando se ouvia alguém dizer «sou de S.
Brás», hoje não haverá são-brasense que, onde quer que esteja, no Canadá ou nos
confins da Argentina, na Alemanha ou em Marrocos, não sinta orgulho em
proclamar a sua naturalidade, envolto porventura na saudade das suas
amendoeiras floridas, a sorrir por entre o verde das encostas…
José d’Encarnação
Publicado em Noticias de S.
Braz nº 231, 20-02-2016, p. 11.
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