Surpreenderam-me
também algumas das histórias:
«Lembro-me
de que, passados três meses de ter sido aposentada, fui à escola e os alunos de
uma turma, que tinha deixado, ao verem-me, pediram à Professora para sair um
pouco da sala para me virem cumprimentar e a minha Colega autorizou. Foram não
mais que cinco minutos, muito doces. Incrível! Essa Colega contou-me,
estupefacta, quando me encontrou, que tinha sido chamada à atenção pela direcção ,
para não repetir tão condenável atitude!».
«Em
1998, contava-me o grande classicista Hellmut Flashar, recém-jubilado da
Universidade de Munique, que um 'fedelho' acabado de subir à cátedra lhe
comunicou que, para utilizar a sala de professores (já que tinha ficado, no dia
da jubilação , sem as mordomias do
Ordinarius alemão: gabinete, secretária, tarefeiros), ainda que fosse para
orientação dos doutorandos que ainda
tinha, havia que cumprir os horários destinados a cada um, caso contrário
perturbava».
Felizmente,
que também aí se contam mui louváveis deferências e compromissos. Contudo, o
facto de haver, como igualmente se assinalou, «Professores e professores»,
como, de resto, acontece em todas as profissões, leva-me a realçar os
depoimentos que vão no sentido de que, mais do que as atitudes administrativas
dos «funcionários» das instituições (e ponho a palavra entre aspas para os
distinguir dos funcionários-pessoas), o que conta, na vida de um docente, são
as sementes que lançou. Por isso, me confortou uma das mensagens que, neste
âmbito, recebi de Roma, de um velho amigo:
«Atendendo
à minha idade, isso já não me afecta; confortam-me muito, porém, a estima e o
afecto que continuo a receber de colegas, próximos e afastados, e de ex-alunos
e de alunos de alunos. Para mim, é esta a Universidade que conta e, enquanto
aguardo a verdadeira e definitiva despedida, isso me basta!».
Esse
constitui, de facto, o mundo de afectos a que importa dar relevo!
José d’Encarnação
Publicado em Renascimento (Mangualde), nº 678, 01-02-2016, p. 12.
Ana Teresa 2/2 às 20:00
ResponderEliminarNo meu local de trabalho gostamos muito que antigos colegas nos venham visitar e fazemos sempre uma festa quando os vemos.
Aurora Martins Madaleno 2/2 às 20:54
ResponderEliminarRealmente, o que conta, na vida de um docente, são as sementes que lançou. No entanto, desagradam-nos as atitudes dos que permanecem na escola e mostram pouca consideração pelos jubilados. O que vale é que isso só acontece nalgumas escolas. Eu tenho boas experiências, graças a Deus.