sábado, 24 de novembro de 2018

A Educação Ambiental

              Pode parecer uma daquelas etiquetas que se pregam e que, de tanto uso, perdem o seu real significado ou deixam de chamar a atenção. «Educação ambiental» encerra, todavia, um conteúdo cada vez mais premente: trata-se, no fundo, de chamar a atenção dos cidadãos para a necessidade de tomarem consciência de que todos nós estamos num mesmo barco, um barco que importa cuidar para que não naufrague.
            Tornaram-se – infelizmente – quase rotineiras as imagens televisivas dos naufrágios de migrantes no Mediterrâneo e da desgraça que os provocou e eles próprios provocam. Pois o barco «ambiente», apesar de não ter frequente direito a noticiário, assume papel primordial no nosso quotidiano.
            Regozjiei-me, por isso, ao receber mensagem de Cristina Matias, Técnica Superior de Educação Ambiental, cuja actividade se desenrola – e bem! – no Centro de Interpretação e Educação Ambiental “Quinta do Peral”. Presença permanente em página própria da agenda cultural «São Brás Acontece», os técnicos em serviço no Centro não são de cruzar os braços!
            E a mensagem rezava assim:
            «Andando por cá a vasculhar em papelada que guardo por achar de interesse, encontrei a sua nota sobre "perder-se tanta alfarroba, tanta azeitona, tanta amêndoa…". Como vamos na próxima semana iniciar o desenvolvimento do projeto O Ciclo de Alfarroba, lembrei-me de lhe falar, brevemente, do mesmo. Vamos desenvolvê-lo com um grupo de Ensino Inclusivo, da EB2,3 e Escola Secundária, e com uma turma de 3.º ano, todos do Agrupamento de Escolas José Belchior Viegas. A primeira ação será a apanha da alfarroba (ainda se encontra aqui pelo Sítio do Peral, nesta altura). As outras passam pela visita à fábrica, ao Polo Museológico dos Frutos Secos de Loulé, ao laboratório de investigação aqui da nossa universidade e, finalmente, pelo uso de produtos da alfarroba para confeção de pão e bolos. Este projeto foi criado pela Dra. Olga Gago, Biblioteca Municipal de S. Brás de Alportel, e por nós, Quinta do Peral».
            Sei que, devido à inesperada chuva, a apanha da alfarroba teve de ser adiada. Mas quem há aí que não aplauda com o maior entusiasmo o entusiasmo que esta iniciativa significa? E, Cristina, nem as chuvadas – eu sei! – nem outras inesperadas adversidades vão conseguir fazer-vos esmorecer! Nunca!

                                                                                  José d’Encarnação

Publicado em Noticias de S. Braz [S. Brás de Alportel] nº 264, 20-11-2018, p. 13.

Desenho que ilustrou, na revista «O Arqueólogo Português»,
a crónica de José Leite de Vasconcelos sobre o Algarve.
Impressionou-o esta secular alfarrobeira de S. Romão
(S. Brás de Alportel)

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