Já
me atrevi a escrever sobre este tema, em crónica de 16 de Julho de 2009, no Jornal da Costa do Sol; contudo, senti a
necessidade de o abordar de novo, perante o desabafo de um amigo:
–
Imagina! Passaram uma esponja sobre mais de cinquenta anos da revista!
Esqueceram fulano e sicrano e beltrano, que, gratuitamente, durante anos e
anos, a mantiveram de pé e lhe deram credibilidade a nível nacional. Assim, de
um momento para o outro, atiraram todo o passado às malvas e… também quem lhe
agarrou o leme nem sequer viveu esses anos, nada sabe deles!...
E
não seria este desabafo o suficiente para me decidir no tema, se não fora ter recebido
antes um outro:
–
Já viu? Fui eu quem, contra tudo e contra todos, ousei iniciar a revista, que
hoje tem pergaminhos e reconhecimento internacional. Mudei de instituição e que
vejo? A revista sai, com novo director, e… nem uma palavra sobre quem a
criara!...
Admiro,
pois, os jornais que, como o nosso, ostentam na ficha técnica de cada número o
«Arquivo de honra», onde figura logo à cabeça, como FUNDADOR, o nome do Dr. José Henriques Pereira Júnior. Outro
jornal em que escrevo, o Costa do Sol
Jornal, com apenas seis anos de vida, também não esqueceu o seu fundador,
já falecido, cujo nome também figura, em lugar de relevo, na ficha técnica. Já
do Expresso nada se diz, ainda que
certamente seja difícil esquecer que foi Francisco Pinto Balsemão, hoje administrador
da empresa, que o fez nascer em 1973. Do Diário
de Notícias perde-se na noite dos tempos o nome de Eduardo Coelho, que o
fundou em 1864; também se não menciona o de Vicente Jorge da Silva, primeiro
director do Público, que teve em 5 de
Março de 1990 a
sua 1ª edição…
Começa
com «Demos graças ao Senhor nosso Deus» o cânone da missa católica; escreveu
Merlin Carothers Puissance de la Louange, onde tece rasgados encómios ao
extraordinário poder que tem o reconhecimento. Um poder que sentimos no
dia-a-dia, mesmo que apenas patente na doce expressão dum olhar ou na força de
mui singelo aperto de mão.
José d’Encarnação
Publicado em Renascimento (Mangualde), nº 741, 01-11-2018, p. 12.
Sem comentários:
Enviar um comentário