O lendário Chris de Burgh ao piano |
Não, não vou por esse caminho, a
imitar os senhores relatadores de futebol que, no meio dos lances mais
entusiasmantes, desatam a explicar que o jogador que tem a bola nos pés veio da
Juventus, tem 25 anos, já foi comprado pelo Chelsea e o Sporting o tem agora na
mira; entretanto, a bola saiu pela linha lateral…
Direi, ao invés, que, nessa
‘juventude’, o já lendário Chris de Burgh nos encantou, não apenas pela sua
eterna «Lady in Red» ou o, igualmente eterno, «Always on My Mind», que todos
acompanhámos, mas sobretudo pelo à-vontade, pela total simplicidade, pela voz
quente, pela forma como, naturalmente, largava a guitarra e se punha ao piano,
com apenas um gole de água pelo meio, sem alarido de explicações e conversas,
porque o que lhe apetecia era cantar e partilhar com o público tantos e tantos
anos de canções para os mais diversos públicos e ambientes, em todo o mundo. A
segunda vez que vinha ao Estoril e sentiu-se que estava muito bem entre nós.
Não hesitou, por exemplo, em sair do palco e ir abraçar, de modo especial, as
mulheres que expressamente (digo eu…) tinham vindo de vermelho nessa noite de
quarta-feira, 31 de Outubro, em que a Estoril-Sol quis comemorar com os amigos
os seus 60 anos.
Apresentou a gala Ricardo Carriço, que,
após pedir aplauso para a coreografia com que Paula Magalhães acompanhou o
primeiro tempo do serão e para a passagem de modelos de Agatha Ruiz de la Prada,
disse, em breve síntese, o que tem sido a Estoril-Sol, sublinhando que, além da
sua natural vocação de casino (ou
casinos, se se quiser, porque é concessionária também do de Lisboa e do da
Póvoa de Varzim), se notabiliza pela enorme «oferta de cultura» que põe ao dispor
das gentes da Costa do Estoril e não só. «Mundo mágico de cores e de texturas»
se poderia classificar o documentário que, de seguida, se viu, a dar conta, em
mui sugestivas pinceladas, do que tem sido essa actividade, mormente no mundo
do espectáculo. Quase pode dizer-se que não houve nome nenhum famoso nesse
âmbito, tanto nacional como estrangeiro, que não tenha actuado nos casinos da
Estoril-Sol.
Um ambiente acolhedor no Salão Preto
e Prata, com muitas caras conhecidas na plateia, onde a disposição em pequenas mesas-redondas,
com candelabro de cinco velas verdadeiras, à antiga, trouxe ainda mais calor.
O corte simbólico do bolo de
aniversário.
Ricardo Carriço, Agatha de la Prada, Chris de Burgh e Sofia
Hoffman
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Dir-se-á que foi muito bem escolhida
a ementa. Gourmet tinha de ser, como
se impõe nos dias de hoje; mas um gourmet
sábio, ia a escrever «português», não apenas pelos ingredientes nossos, mas, de
modo especial, pela delicadeza do tempero. Rezava assim, poeticamente, como
convém: «Trevo de camarões salteados em cognac com perfume de coentros; tornedó de novilho corado com Porto
Vintage e medalhão de foie gras; tarte
de rosa com calda de líchias e framboesas frescas». Uma delícia mediterrânica,
o «perfume de coentros», parabéns! De muito bom paladar a calda de líchias, um
fruto que ora começou a entrar – e muito bem! – até nos pratos quotidianos e
foi boa descoberta, pelo seu acídulo sabor a temperar os demais.
Só
as notas da orquestra de Jorge Costa Pinto, a condimentar o jantar, é que não
terão sido bom tempero: tão estrídulas e sonoras não nos deixavam conversar! E
nem a cantora Sofia Hoffman as conseguiu abafar!
José d’Encarna
Publicado em Costa do Sol Jornal (Cascais), nº 257, 2018-11-07, p. 6.
Fotos gentilmente cedidas pelo Gabinete de Imprensa da Estoril-Sol.
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