Com
muito orgulho ficaram também os habitantes desta antiquíssima localidade à
beira do Sado, na medida em que este seu museu, instalado numa antiga igreja
também ela de grande tradição e
agora bem recuperada, lhes conta, através dos objectos nele expostos, uma
história de milénios, deveras singular.
Servem
para isso os museus: para nos reconciliarem com o Passado e nos darem conta de
que, afinal, somos elos de uma longa cadeia, que nos compete não quebrar, pela
preservação do antigo que é notável
e do presente que reputamos o possa vir a ser.
Painel à entrada do museu |
Mais
do que notícias sobre museus, porém, os noticiários falam, hoje, de enfermeiros
e das suas reivindicações. Por isso, não quis deixar para mais tarde dar conta duma
outra emoção que tive, quando, a 28
de Maio passado, visitei, em Londres, junto ao Saint Thomas’ Hospital, o
Florence Nithingale Museum. Não se evoca aí o passado de um povo ou de uma
região: é um museu pessoal, construído em torno da vida de uma pessoa, Florence
Nithingale (1820-1910), bem conhecida da classe dos enfermeiros, porque o seu juramento profissional se baseia no juramento desta
enfermeira:
F. Nithingale, por H. Lenthall |
«A Dama da Lâmpada», como ficou a
ser mundialmente conhecida, por usar uma lanterna a fim de poder, de noite,
tratar os feridos na Guerra da Crimeia (1853-1856), onde, na verdade, se
notabilizou, Florence Nithingale constitui
o modelo para quantos exercem esta profissão. O museu mostra a verdadeira
Florence, «uma mulher de muitos talentos e… defeitos»; explica porque a devemos
recordar hoje. Um verdadeiro hino à nobre função
dos enfermeiros!
Fui lá a acompanhar um dos meus
netos, de 5 anos, que precisava de responder às questões que, na escola, lhe
haviam proposto. Aliás, no próprio museu existia um livro de inquérito para as
crianças. Como arqueólogo, gostei de saber que Florence tinha como talismã uma pequena
coruja que apanhara na acrópole de Atenas e a que dera o nome de Atena…
José d’Encarnação
Publicado em Renascimento (Mangualde), nº 752, 2019-04-15, p. 11.
Que belo texto!
ResponderEliminarUma das primeiras biografias que li, em criança, foi sobre esta enfermeira, o Rouxinol.
Não sabia do museu centrado na sua pessoa e dedicação profissional.
E que bonita ideia ter um livro para desafiar as crianças a darem opinião.
Bem haja
Aneleh Ariam