– Está de serviço
a Farmácia Nêspera!
–
Bolas, logo essa! Onde é que se vai estacionar o carro?...
Ouvi.
Magiquei no que poderia ser uma reacção
alternativa, melhor:
–
Boa! Há um ror de tempo que não vou ao centro da vila! Sempre é um pretexto
para ver como o alindaram agora!
ooo
A
condutora teve de fazer uma manobra rápida para fugir a dois inesperados
buracos da rua.
–
Queres atirar o carro para onde? (o tom, áspero, de censura).
A
alternativa:
–
Boa destreza, menina, boa destreza! Aliás, eu até acho que eles deixam os
buracos para nós treinarmos a condução!...
(E a gargalhada soaria).
ooo
–
Telefonou a Genoveva a saber como decorrera o funeral da Marquinhas.
–
A senhora foi enterrada, não?
A
alternativa:
–
Sempre uma atenciosa, a Genoveva. Ela adorava a Marquinhas e não pôde ir ao
enterro.
ooo
O
Artur bateu com a janela um tudo-nada mais forte.
–
Foi pena não a teres partido! (A voz era agreste, maldosa!...)
A
alternativa:
–
A aragem ia-te enganando!... Vá lá que conseguiste tirar o dedo a tempo!…
ooo
Poderia
continuar a lengalenga de flagrantes da vida real, em que a palavra violenta
detém primazia. Palavra que, no fundo, ainda massacra mais quem a diz do que os
alvos que atinge. Faz pena!
Cenas
tão correntes, afinal, no dia-a-dia, sem que do seu reflexo emocional raramente
nos consigamos aperceber. Setas venenosas que ferem mesmo! Em primeiro lugar,
quem as desfere também!
José d’Encarnação
Publicado em Renascimento (Mangualde), nº 761, 2019-09-15, p. 11.
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