A
cerimónia de apresentação do denso e
pesado volume, profusamente ilustrado a cores nas suas 300 páginas, decorreu no
espaço das Conversas na Gandarinha (Centro Cultural de Cascais), presidida por
Carlos Carreiras, perante mais de uma centena de pessoas, na sua quase
totalidade actuais e antigos trabalhadores municipais.
Falou
o presidente do CCD; falaram os autores, agradecendo a colaboração de quantos se disponibilizaram a fornecer elementos,
sobretudo fotográficos, para inserir no volume – que vale também pelo grande
acervo de ilustrações que apresenta.
O
presidente do Município sublinhou o importante papel que o CCD teve – e tem –
não apenas pelas iniciativas desportivas que leva a cabo mas, de modo especial,
por lhe ser possível funcionar em termos de correia de transmissão do Município
no âmbito, por exemplo, da benemerência e do apoio social, dadas as constrições
a que as entidades públicas estão sujeitas quando querem actuar nesse sentido e
há sempre enleante conjunto de peias a impedir uma acção
eficaz em tempo oportuno.
Dir-se-á
que, nascido em 1954, sob a designação
de C. A. T. – Centro de Alegria no Trabalho, o actual CCD se enquadrava no espírito
da FNAT, entidade criada no Estado Novo, precisamente para «promover a formação social e moral dos seus associados e o
desenvolvimento físico e intelectual, criando-lhes condições de bem-estar e
recreação». Era a óptica da altura,
que, no entanto, os promotores souberam, à sua maneira,
conservar afastada de ideologias políticas, porque – já então – o que mais
interessava eram as pessoas e, não havendo (como se salienta no livro)
assistência organizada por parte do Estado nem, muito menos, o que viria a ser
a ADSE, a estes organismos criados por iniciativa dos trabalhadores cumpria
zelar para que o bem-estar de todos fosse uma realidade, na consciência de
serem todos membros de um corpo a manter.
O
livro está organizado cronologicamente, indicando-se, em cada ano, as actividades
desenvolvidas. Como se calcula, uma das primeiras curiosidades foi a de saber o
que se passou em 1974, nomeadamente porque em muitas colectividades, mormente
aquelas que poderiam considerar-se mais afectas ao regime que a revolução derrubara, ocorreram cenas de destruição de boa parte da documentação
e vontade de novos elementos, «revolucionários»,
assumirem as rédeas do poder.
A
esse ano são, no livro, dedicadas praticamente três páginas, mas nada transparece
de qualquer incidente. Houve eleições a 14 de Agosto, o arquitecto Vieira
Santos assumiu a presidência, o plano de actividades foi «bem aceite» pelos
associados e pela Comissão Administrativa camarária, que disponibilizou verbas
para o Centro. E do programa constava a vontade de fazer com que não existam
mais em Portugal “homens que nunca foram meninos” (p. 74)!
E,
voltando à escola, esses homens voltaram a ser meninos!
José d’Encarnação
Publicado em Costa do Sol Jornal (Cascais), nº 297,
2019-10-02, p. 6.
Sem comentários:
Enviar um comentário