A
palavra formou-se a partir do verbo mirar, que, por sua vez, vem do latim mirari, que significa admirar-se, ficar assombrado,
surpreendido. Por conseguinte, essa a função
do miradouro: surpreender.
Diria
que, no miradouro, há três sentidos que devem estar bem alerta: a visão – para
se apreciar o panorama; o ouvido – para nos apercebermos dos sons naturais que
nos envolvem (é crime de leso património ir a um miradouro de auscultadores nos
ouvidos!...); e o olfacto – para sorvermos a longos haustos o que ali é
natural.
Cientes
da relevância que os miradouros detêm, as autarquias começaram a dar, nos últimos
anos, maior atenção a esses
sedutores pontos-chave oferecidos pela paisagem. Guardei, por exemplo, o
convite que o Presidente da Câmara Municipal de São Brás de Alportel me endereçou
para participar na cerimónia de inauguração
do Miradouro da Cabeça de Velho, no começo da tarde de 24 de Março de 2007.
Também nesse aspecto, a nossa autarquia tem sido precursora.
O
miradouro será, pois, naturalmente, o transmissor de um sentimento positivo, de
bem-estar, de descoberta, de comunhão com a Natureza. A deixarmo-nos embeber de
tudo aquilo que de bom derredor nos pode ser transmitido. Fotografar? – Sim,
mas selectivamente e só depois dos tais longos momentos de saboreio, para não
nos acontec er como aquele oriental a
quem perguntaram se tinha gostado da viagem e ele respondeu:
–
Ainda não sei bem, porque ainda não vi as fotografias todas!...
José d’Encarnação
Publicado em Noticias de S.
Braz [S. Brás de Alportel] nº 237, 20-08-2016, p. 11.
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