Prestaram
testemunho: Licínio Cunha, que foi Secretário de Estado do Turismo e Presidente
da Junta de Turismo do Estoril, o pai da ideia de se fazer em Cascais um museu
de Arte Infantil, a partir dos salões que periodicamente se realizavam na
galeria do Casino; Carlos Magno, jornalista de largo mérito e Presidente do
Conselho Regulador da Entidade Reguladora para a Comunicação
Social; Joaquim
Lima Carvalho, professor de Belas Artes, que amiúde integrou júris dos salões
de arte da galeria; e Ramon Font, jornalista catalão, amigo pessoal do autor, que
muito tem acompanhado a actividade cultural da Estoril-Sol.
Vivamente
emocionado, Lima de Carvalho a todos agradeceu, sublinhando que assim via
concretizado um sonho há muito acalentado, porque rica tem sido a sua
experiência na convivência com os mais destacados vultos da Cultura nacional e
estrangeira e havia histórias a registar em livro.
Encerrou
a cerimónia Choi Man Hin, Presidente da Estoril Sol: este livro, disse, constitui
«um importante testemunho sobre mais de 40 anos da história do Casino Estoril e
do seu papel determinante no desenvolvimento do turismo nacional, consolidado
em iniciativas precursoras, algumas de dimensão internacional, nos domínios da
Cultura, da Arte e do Espectáculo».
Uma personalidade e duas iniciativas
goradas.
A
personalidade: o escritor Jorge Amado passava o Verão em Cascais e era
amigo pessoal de Lima de Carvalho. No livro são-lhe, pois, dedicadas inúmeras
páginas, que vale a pena ler, pelo carácter pitoresco de que se revestem.
Duas
iniciativas goradas e sempre lamentadas por quantos se interessam pelas
manifestações culturais:
‒ a acanhada falta de visão das
autoridades locais que mandaram destruir centenas de trabalhos feitos por
crianças – nacionais e estrangeiras –, que haviam sido premiados nos salões de
arte infantil e que constituía o espólio privilegiado para o Museu de Arte Infantil preconizado por
Licínio Cunha e prontamente acarinhado por Lima de Carvalho;
‒ a ainda mais acanhada falta de
visão dessas mesmas entidades autárquicas, que menosprezaram a ideia de se
criar um Museu da Arte Naïf – que
acabou por ser aberto em Guimarães, com sucesso notável. Ainda houve uma
tentativa de um Espaço Naif, inaugurado por António Capucho ,
a 30 de Setembro de 2005, nas Arcadas do Parque, no Estoril, instalações da
antiga Junta de Turismo, mas… não passou de intenção
e a inépcia local perante os poderes de Lisboa não conseguiu manter a Junta e o
seu espólio… desconjuntou-se!
Para uma história das artes em Cascais
Sim, vale a pena ler o livro e
guardá-lo, porque nele se condensa muito do que foi a história cultural do
concelho de Cascais nas últimas quatro décadas.
Não excluo, é óbvio, que outras
entidades também devem entrar na história das Artes aqui no concelho. Aliás,
Lima de Carvalho só em 1975 foi nomeado Director da Galeria de Arte do Casino
Estoril; por conseguinte, não teve directo conhecimento, por exemplo, do que se
fez em Cascais no domínio das Artes na década de 60 e de que recordarei, entre
outras iniciativas, a criação da
Galeria JF pelo presidente da Junta de Freguesia de Cascais, o escultor Óscar
Guimarães, e toda a actividade levada a cabo pela galeria da Junta de Turismo
da Costa do Estoril, que teve, por exemplo, em Oskar Pinto Lobo e em Cruzeiro
Seixas, dois ilustres dinamizadores, por onde regularmente passaram os melhores
artistas de então. Numa época, em que os respons áveis
políticos compreendiam que a Arte chama o Turismo e que, em Cascais, a
existência de uma Junta de Turismo era tão importante como o pão para a boca.
Outros tempos!...
José
d’Encarnação
Publicado em Costa do Sol Jornal, nº 169, 11-01-2017, p. 6.
A minha neta Maria quando está de acordo e feliz com uma ideia, diz, grande boa ideia!
ResponderEliminarGrande boa ideia este seu texto, José d'Encarnação!
Abraço solidário do, Rui Aço