Empenhado,
há décadas, nesta campanha em prol da biodiversidade, aquele botânico todos os
anos envia, pelo Natal, centenas de postais ilustrados, sempre com um tema
específico. O deste ano, «floresta e sobrevivência», visa consciencializar-nos
da importância fundamental que tem para a sobrevivência do género humano a criteriosa
gestão da floresta.
Amiúde,
ao analisarem-se nas Câmaras Municipais, projectos urbanísticos, raramente há
quem se levante contra, quando esses projectos vão acabar, por exemplo, com uma
zona de mato (já não falo de floresta). É mato, não há problema ambiental…
Erro, claro, porque é nesse mato de muitas espécies vegetais rasteiras que vive
uma infinidade de outros seres que, aparentemente insignificantes, exercem
função primordial sobre a biodiversidade e, consequentemente, sobre a nossa
qualidade de vida.
Não
é, contudo, sobre o desaparecimento dos matos propriamente ditos que Jorge
Paiva ora nos alerta, mas das matas. Depois de apresentar o exemplo da extinção
do povo rapanuio (os nativos da Ilha de Páscoa), devido à completa devastação
da floresta original, assim como o da quase total destruição da taiga na Islândia,
relembra-nos que «os seres vivos constituem a nossa fonte alimentar»; que cerca
de 90% das substâncias medicinais são de origem biológica; que «praticamente
tudo o que vestimos é de origem animal ou vegetal»; e que mesmo as turbinas dos
geradores de electricidade carecem de ser lubrificadas por óleos de origem biológica.
Recorda, finalmente, que constantemente se descobrem «novas utilidades de plantas,
animais e outros seres vivos», «que ainda não estavam suficientemente
estudados».
Neste
dealbar de mais um ano, o mesmo grito de alerta se mantém: importa urgentemente preservar a biodiversidade! E não se pense que
isso depende dos governos: depende de cada um de nós! E – permita-se-me o
apontamento – é para nós, aqui em casa, um consolo ver, durante o dia,
saltitarem de ramo em ramo à cata de insectos e de sementes nas plantas e arbustos
do nosso jardim, melros, rolas, pardais, fuinhos, piscos… Uma serenidade reconfortante!...
José d’Encarnação
Publicado em Renascimento [Mangualde], nº 700, 15-01-2017, p. 11.
Cristina Calais
ResponderEliminar19/1 às 22:57
Aos Professores José d'Encarnação e Jorge Paiva agradeço a partilha, tanto mais que todos os anos, na quadra natalícia, a equipa do Museu Municipal de Coruche recebe os postais do Prof. Jorge Paiva, únicos, personalizados e inigualáveis. Os seus ensinamentos sobre a importância da biodiversidade, da qual nós, seres humanos, dependemos, e o forte apelo ao respeito pela preservação do planeta, são um contributo inestimável à consciencialização de que urge passar das palavras aos atos.
Manuel Fernando Marques Inácio
ResponderEliminarMuito bem!
Paula Ferra
ResponderEliminarEra tão bom que TODOS percebessem!