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Vamos, filhote! Faz força, que eu impo!
Todos
sabemos quanto é fundamental o regular funcionamento do aparelho digestivo, nos
primeiros dias e, até, nos primeiros meses de uma criança e, mais tarde, quando
se atinge a senectude. E todos recordamos a emoção
quando o menino deixa a fralda, ao invés do que acontec e
quando se recomeça a ter de a usar…
Um
sorriso malandro, o do meu pai: «Vamos, filhote! Faz força, que eu impo!». E
punha-se a gemer, a gemer, como se fosse ele que estivesse no bacio ou a arrastar
bajolo - como, aliás, também amiúde viria a acontec er
mais tarde, na pedreira, quando se precisava de, com a alavanca, pôr uma pedra
a jeito de ser trabalhada e se estava em maré de brincadeira: uns faziam força
e o outro, de papo pró ar, gemia, gemia… e era uma gargalhada depois!
Impar
é, também ela, nesse sentido, uma palavra algarvia. Rezam os dicionários que
vem do espanhol «hipar», com o significado de «soluçar»; e até se acrescenta
que poderá derivar de um verbo do latim tardio, popular: *hippare, que não
logrei encontrar, na pesquisa que efectuei nem nos dicionários nem nos autores
antigos.
Enfim,
ficamo-nos com mais esta, a aplicar, por exemplo, aos eleitores de determinado
país que não foram votar, porque pensavam que a vitória estava certa: «Faz
força, que eu impo!» - e fico em casa, regalado. Acontec eu,
porém, que o impante (agora já com outro sentido, claro)… ganhou!
José d’Encarnação
Publicado em VilAdentro [S. Brás de Alportel] nº 215, Dezembro de 2016, p. 10.
P. afonsocunha
ResponderEliminarjá li várias dezenas de livros “algarvios” e só encontrei quatro com referência a “impar”.
Um belo texto cheio de “chiste” e… no fim até me ri!...
Um grande abraço
Amei,e pensava que "impar" era um diminuítivo de limpar, sempre aprendendo, obrigada Zé, um abraço
ResponderEliminarVera
Manuel Fernando Marques Inácio
ResponderEliminar6/12 às 18:20
Os meus pais eram algarvios, da serra. Lembro-me bem de utilizarem o verbo "impar". Que saudades!
Joaquim Augusto
ResponderEliminar6/12 às 19:10
Nasci em Odemira, concelho fronteira com concelhos algarvios e era uma frase habitual que usávamos, para brincar com alguém que fazia força próximo de nós...
Mónica Rodrigues
ResponderEliminar6/12 às 19:53
Os meus avós são do Baixo Alentejo e lembro-me perfeitamente, ainda hoje os meus pais dizem impar!!!
Aurora Martins Madaleno
ResponderEliminar7/12 às 1:00
Teve muita graça, Professor. Li este artigo com satisfação. O bonequinho também está giro!
Aurora Martins Madaleno
ResponderEliminar7/12 às 17:21
"Puxa que eu impo" também ouvia dizer lá por casa.
Teresa Silva
ResponderEliminarPois, uns impam e outros arreiam! 😂
Eu sou da Estremadura e sempre ouvi o meu tio a dizer força qu'eu gemo.
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