terça-feira, 13 de agosto de 2019

A ingenuidade feita rainha no Casino Estoril!

               Bem lutou – e com pleno êxito! – o saudoso Nuno Lima de Carvalho para dar aos pintores ditos «naïfs» (ingénuos) merecido lugar de destaque. Quisera, inclusive, que as entidades locais se interessassem pelo assunto e viessem a dedicar a esta modalidade artística um espaço museológico. Não estavam maduros os tempos por estas paragens; estiveram-no em Guimarães, onde se criou o Museu de Arte Primitiva Moderna.
            Dir-se-á, porém, que, estando patente na Galeria do Casino Estoril a 39ª edição do Salão Internacional de Pintura Naïf – escrevi bem, 39ª e Internacional! – desde 1980 mais de 500 desses artistas apresentaram um total de cerca de 5200 obras, num certame que é o mais visitado da galeria!
            Vale a pena citar os nomes dos que ora ali estão representados, vindos dos mais variados locais de Norte a Sul do País: A. Barbosa, A. Réu, Antero Anastácio, Arménio Ferreira, Augusto Pinheiro (este, um nome consagrado!), Bento Sargento, Conceição Lopes, Deborah Collens (uma inglesa que fixou residência no Algarve), Dulce Ventura, Elza Filipa, Fernanda Azevedo, Leonel Pereira, Luiza Caetano, Manuel Castro, Maria Tereza, Nell (Helena Brito dos Santos, de Mangualde) e a farense Rute Castro.
          É costume destacar-se, em cada salão, um dos autores, em jeito de homenagem à obra desenvolvida. Desta feita, o destaque vai para Arménio Ferreira, de Oliveira (Braga), nascido em 1935 e que apenas em 1991 lhe deu na veneta de começar a pintar – e é o que se vê! Reproduzo a pintura a que deu o nome de «Monte alentejano», exemplo vivo do que é a arte naïve: a intensidade e variedade do colorido, a grande atenção aos pormenores, a ausência de proporções reais, um certo gosto pelos alinhamentos fictícios (aqueles girassóis, só vistos!...). Veja-se também o quadro campestre algarvio, de Manuel Castro, de quem se diz, no catálogo da mostra, que «é um dos melhores autores do mundo na prática desta linguagem pictórica, escolhendo como tema preferido a paisagem rural de características locais».
            Mas… melhor do que ver essas reproduções é ir até ao Casino e deliciar-se lá com os primores em exposição até 10 de Setembro, diariamente, das 15 às 24 horas.

                                                                       José d’Encarnação

Arménio Ferreira, o homenageado
Um monte alentejano, visto por Arménio Ferreira
Paisagem rural algarvia, por Manuel Castro

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