quinta-feira, 29 de agosto de 2019

Faleceu Carlos Carranca

            A sua enorme força de viver não logrou driblar - para usar um termo que lhe era caro - as curvas da Morte.
            Que descanse em paz o Lutador, o Cidadão que não hesitava em comprometer-se e em bradar bem alto contra a injustiça, a incúria, a falta de espírito cívico. O Professor que entusiasmava os alunos pela Literatura, pela Poesia, pelo Canto. A voz da canção coimbrã, que muitas vezes elevou, juntamente com tantos vultos grandes da Lusa Atenas, designadamente Luiz Goes.
            Cascais, Coimbra, Lousã e Figueira da Foz devem-lhe muito! Todos lhe devemos muito! E guardamos serenamente a sua memória! Até sempre, Carlos! Até sempre! 
             Doutorado em Cultura Portuguesa pela Universidade Autónoma de Lisboa, com uma tese – publicada – sobre o Casticismo em Torga e Unamuno, Carlos Carranca exerceu, até a doença o prender, funções docentes na Escola Profissional de Teatro de Cascais e colaborou, intensamente também, com a Universidade Lusófona de Lisboa.
             Poeta compulsivo, dir-se-ia, escreveu muitos livros de Poesia (e digo ‘muitos’, porque ultrapassarão decerto as duas dezenas, alguns dos quais eu tive o privilégio de apresentar) e estava sempre pronto a programar mais uma sessão em prol da Cultura, onde nunca faltava, a terminar, o toque coimbrão! 
             Constituíram os últimos meses, em que se debateu com esse grave problema de saúde, um testemunho exemplar de como se deve encarar a doença, de como o espírito deve ser forte, positivo, de como, mesmo na dor que atormenta, se pode olhar para os outros, confortá-los, dar-lhes o ânimo que, por vezes, corria o risco de lhe faltar.
             A consulta da sua página no Facebook, onde quase diariamente deixava as suas reflexões é, pois, obrigatória para quantos queiram inteirar-se de como um Grande Homem é Cidadão de corpo inteiro até ao fim!
            Completaria 62 anos a 9 de Novembro…

                                                                            José d’Encarnação

Instantâneo da apresentação, no Teatro Mirita Casimiro, em Cascais, a 16 de Novembro de 2017, do livro de poemas «Para Além do Mar Vermelho»

                                                               

1 comentário:

  1. Madalena, 30-8-2019, 9.47 h:
    O Carlos Carranca, como tantos outros homens e mulheres jovens, talentosos e activos pensadores, não merecia uma doença tão corrosiva e persistente. Ainda por cima era bonito e Poeta, dos melhores, e um cidadão destemido e de espírito acutilante. Que agora tenha a paz que nos últimos anos lhe faltou. Não sei nada do Além, mas seria uma injustiça não haver uma compensação para quem pouco colheu da vida...

    ResponderEliminar