O
pano acabara de correr sob os fartos aplausos que, mui calorosamente, a sala,
repleta, tributara aos actores. Começara-se a comentar o espectáculo, enquanto
se abotoavam os casacos e se ajeitavam os cachecóis.
–
Eu quero um abraço! Não se vão embora!
Fora
uma das actrizes que assim gritava, entreabrindo a porta que dava para os
camarins.
De
facto, ninguém estava com vontade de se ir embora, sem abraçar quantos, essa
noite, ali – corajosamente e com imensa alegria – haviam mostrado o resultado
de muitos serões roubados ao calor da família, para presentearem a aldeia com a
sua vontade de mostrar que a vida não é só labuta de manhã até à noite, num frenesim,
e tem de haver espaço para o entretenimento.
Foi,
na noite do passado dia 19, sábado, a antestreia da revista «Olha os Tomates
Madurinhos», de António Chapirrau, levada à cena pelo Grupo de Teatro Amador do
Grupo Desportivo do Zambujeiro.
Entretenimento?
Sim! A revista é mesmo isso: a saborosa crítica do quotidiano local e político vai
sendo entremeada com as canções, designadamente o fado, sempre bem-vindo e
apreciado.
Quando
anunciei a realização do espectáculo, cujo título sugere a existência de
tomates madurinhos, dei a entender que, estando o Zambujeiro em plena zona
saloia de Cascais, se trataria, obviamente, de uma evocação dos tempos – pelas
décadas de 40 e 50 – em que os saloios dessas terras debandavam a praça de
Cascais para aí venderem os seus «ecológicos» produtos hortícolas (dir-se-ia
hoje). Uma das cenas, a da venda de legumes, mostra, na verdade, a riqueza das
hortas locais; contudo, está bem de ver, o segundo sentido é mesmo o rei da
revista e grelo é grelo que se mostra, sim, fresquinho, mas outro grelo, outro tomate
há, escondido… e a malícia fica instalada!
Dez
números em cada parte (a que tem de se acrescentar o solilóquio, em pretenso
telefonema do encenador, quase no final) constituem pretexto para boa
gargalhada, sempre! A consulta médica, o recurso à Internet (a «nete»…), a
paródia aos vencedores dos euromilhões, a mui feliz comparação do tanque de
lavar roupa comunitário da aldeia com o que hoje se lê no Facebook (não havia o Facebook
mas havia o Facetanke!…) – são
retratos humorísticos de engraçados instantâneos do nosso quotidiano.
No
final, o hino, digamos assim, a proclamar que é a revista herdeira de muito
nobres tradições teatrais de Portugal e que este Grupo de Teatro Amador está
determinado a prosseguir nessa caminhada.
Um
espectáculo a ver!
Estão previstos espectáculos até 31 de Março,
com o seguinte calendário:
09/02 às 21h30, 16/02 às 21h30, 17/02 às 17h00, 09/03 às 21h30, 10/03 às 17h00, 16/03 às 21h30, 17/03 às 17h00, e o último no dia 31/03 às 17h00.
09/02 às 21h30, 16/02 às 21h30, 17/02 às 17h00, 09/03 às 21h30, 10/03 às 17h00, 16/03 às 21h30, 17/03 às 17h00, e o último no dia 31/03 às 17h00.
No
elenco, desdobrando-se nos mais diversos personagens, sempre com guarda-roupa a
condizer e adequados cenários e adereços: Beatriz Dorropio, Carlos Rodrigues,
Filipe Santos, Isabel Silva, Joana Lopes, José Reboca Santos, Maria João Santos,
Rita Veloso, Rosa Rodrigues e Susana Cupido. José Sobral encarregou-se da luz e
do som; Carlos Rodrigues foi também o contra-regra; Filipa Martins com José Reboca
Santos garantiram a assistência de palco, a caracterização esteve a cargo de
Ana Sobral.
No
final, António Chapirrau fez os agradecimentos – aos actores, à Direcção da colectividade
e ao público. Hugo Sobral, presidente da Direcção do Grupo, louvou a iniciativa
e distribuiu ramos de flores aos elementos femininos do elenco e lembranças aos
homens.
Para
todos, o maior aplauso! E que nunca esmoreçam, Amigos!
José
d’Encarnação
Publicado em Cyberjornal, 26-01-2019 :
ResponderEliminarÉ um prazer ler um texto tão expressivo de um académico que tanto tem acarinhado a cultura popular.
Foi tão fácil visualizar a representação através das palavras, que contamos, numa das datas agendadas, fazer um aplauso presencial.
Muito obrigada
MH
É com muito orgulho k continuo a trabalhar para k a cultura popular através destas iniciativas e pelas colectividades de cultura e recreio assim como as populações k vem adsistas tais como akeles k ao longo dos anos me acompanham obrigada por estares sempre atento D. Encarnaçam
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