E
vem esta proposta no seguimento de Rodrigo Sobral Cunha (que se doutorou em
Évora, no ano de 2001, com uma tese acerca da harmonia do Universo) ter seleccionado
textos e desenhos de Raul Lino sobre Sintra, onde o arquitecto passou boa parte
da sua vida. Trata-se do livro Sintra, editado este ano de 2014 pela
Colares Editora (ISBN: 978-972-782-152-5).
Sobral
Cunha faz o estudo introdutório, em que procura integrar os textos e as imagens
que escolheu na perspectiva de melhor se compreender o pensamento de Raul Lino
em relação à Natureza, palavra que ele sempre escreveu com maiúscula, como «património
da Nação» (p. 15).
Não
se assume, naturalmente, como ‘guia turístico’ nem tal expressão aparece
nalguma das 150 páginas do livrinho; no entanto, desta sorte pretendeu Sobral
Cunha comemorar o «centenário da inauguração
da Casa do Cipreste, a moradia de Raul Lino em Sintra e que o arquitec to-inventor considerou a única das obras que pôde
fazer em liberdade completa. Sintra em fôrma de casa ou casa em fôrma de Sintra»
(p. 21).
E
há uma designação que justifica esta nota em clave turística: é livro para o
«viandante contemplativo»! Sintra será essa sucessão de moradias românticas a
espreitar por detrás de variegada vegetação ímpar e multissecular; será a
tradição das suas queijadas e travesseiros; o misterioso Castelo dos Mouros ou
o não menos misterioso e altaneiro Palácio da Pena… mas, para usarmos uma
expressão do próprio Raul Lino, aí até «os frequentes nevoeiros, tão caluniados
e detestados, são como dobras de renda branca a roçar pelo colo dos montes, a
enredar-se nas fidalgas cameleiras de jardins decadentes».
Um
‘roteiro’, pois, para… saborear!
Publicado na Newsletter
nº 9 do Departamento de Turismo da ULHT, 27-07-2014,
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