terça-feira, 1 de julho de 2014

Um programa de património cultural para Mangualde

             Natural de Mangualde, António Tavares cedo se interessou pelo património cultural, mormente durante e na sequência da sua licenciatura em Arqueologia na Faculdade de Letras de Coimbra, tendo cursado com êxito o Mestrado em Gestão e Programação do Património Cultural na mesma faculdade.
            O livro Património Cultural: Gestão e Programação à Escala Municipal ora editado pela Arqueohoje (2014) – ISBN: 978-972-98953-5-7 – constituiu precisamente a dissertação de mestrado que preparou sob orientação do Prof. João Paulo Avelãs Nunes.
            Mestre António Tavares exerceu funções de direcção neste quinzenário e sendo, agora, técnico superior na Câmara, justificam-se ainda mais as suas preocupações em estudar, divulgar e valorizar o património do concelho, património que é, escreve logo no começo da ‘introdução’ do livro, «âncora de memórias, referência de identidade, legado que se herda e a legar».
            Após referir o enquadramento teórico em que se move (cap. I), traça uma panorâmica do que é o concelho de Mangualde: aspectos geográficos, a história das suas gentes ao longo dos tempos, o seu património, não apenas o que estamos habituados a considerar (arqueológico, paisagístico, edificado…) mas também aquele a que chama o «novo património», onde, nomeadamente, se inclui o património imaterial.
            Reflecte-se depois acerca do que deve ser uma boa gestão cultural e os objectivos que importa almejar, para, no cap. IV, se delinear a proposta de criação, no município, de um Centro de Gestão e Programação do Património Cultural, centro que reputa passível de ser, com o maior proveito, desenvolvido também noutros municípios. Aliás, António Tavares teve o cuidado de consultar, para o efeito, regulamentos da organização dos serviços de 153 municípios portugueses.
            Não vem ao caso, agora, discutir essa criação. Direi que, para mim, o mais importante é que, no quadro das actividades autárquicas – de Mangualde e dos restantes municípios e freguesias –, a Cultura (e, consequentemente, o Património Cultural) detenha o lugar preponderante que, por direito próprio, lhe cabe. Além disso, mais do que seguir teorias, o imprescindível é sabê-las adaptar a uma prática consistente que leve em linha de conta a realidade concreta.

Publicado em Renascimento (Mangualde), nº 642, 01-07-2014, p. 12.

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