terça-feira, 15 de março de 2016

À conversa com… José d’Encarnação

Nota prévia
            Teve o Executivo Camarário de S. Brás de Alportel, minha terra natal, a gentileza de me convidar para presidir à Comissão das Comemorações do 1º Centenário de Elevação a Concelho, que se realizaram, com muito brilhantismo, de 1 de Junho de 2014 a 1 de Junho de 2015. Dei na ocasião uma entrevista, de cuja publicação só agora me apercebi. Permita-me, Amigo, que partilhe consigo o que então disse e vem na pág. 2 de São Brás Municipal, nº 3, Outubro de 2014.

Ø      Como descreveria em poucas palavras o que significa para si este Centenário do Município de São Brás de Alportel?
            Uma velha senhora que soube, ao longo de cem anos, acumular experiências e que encara agora o seu futuro e o dos seus descendentes com um entusiasmo juvenil, sonhando transformar o seu habitat num éden de leite e mel…

Ø      Uma memória que gostaria de destacar?
            O extraordinário convívio com os mais velhos, em criança, não apenas com meus avós mas também os vizinhos que muito me acarinharam e me ensinaram (todos!) as coisas simples da vida: a não ter medo dos calos nas mãos; a varejar a azeitona, a amêndoa e a alfarroba; a identificar o sete-estrelo e todas as constelações; a andar de burro; a acarrear água num poço de nascente rala; a saborear pela manhãzinha os figos melosos da figueira de dois-à-folha; a não ter medo dos lobisomens cujas histórias ouvia à lareira; e a saber que aquelas ruínas, em Estói, quando se ia para Olhão, eram «coisas do tempo dos Moiros»!...

Ø      Mas a que sabem as memórias?
            Um figo seco longamente chupado à sorrelfa de minha avó materna. Ainda o guardo na boca – parece – qual testemunho de um tempo sem tempo, em que estava totalmente desperta a minha capacidade de me maravilhar com um quotidiano singelo e terno.         

Ø      Como historiador, considera-se um homem de passado ou de futuro?
            Nem um nem outro. Quero ser um homem do presente. Que procura acolher de bom grado o que vai aprendendo e que, serenamente, alimenta a vontade de vestir de cores alegres o momento que lhe é dado viver.

Ø      Que mensagem gostaria de deixar aos jovens, os homens do próximo centenário?
            Amigo: saboreia a vida, aproveita todas as oportunidades, pois que nada acontece por acaso. Não queiras assentar praça em general: é errando que se aprende, é fazendo que se ganha experiência. E, sobretudo, planta orquídeas no jardim do teu pensamento e não cardos; o pensamento comanda a vida e, se pensares que não consegues, não vais conseguir mesmo; se, ao invés, achares que és capaz, podes não conseguir hoje, mas… vais conseguir!

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