Conimbriga, Maio de 2001, uma cena d'«As Troianas», pelo Grupo «Balbo» de Cádis |
«As Troianas» em Cascais
Esta
tragédia, clássica, foi também levada à cena pela companhia Palco 13, no Auditório
Fernando Lopes Graça, em Cascais; por isso a ela me quis referir, pois tive
ensejo de assistir ao último espectáculo, a 20 de Dezembro, p. p. A encenação
coube a um ex-aluno da Escola Profissional de Teatro de Cascais e o elenco era constituído
maioritariamente, se bem compreendi, por colegas seus.
Apreciei
o espectáculo, quer do ponto de vista teatral no seu conjunto (encenação,
interpretação, movimentação de actores, cenografia…), quer no que respeita à
sua acutilante oportunidade, uma vez que as sangrentas guerras que estão a
travar-se – por sinal, num ambiente geográfico muito próximo do que foi o da
Tróia antiga – provocam cenas tão ou mais lancinantes do que aquelas que
Eurípedes imaginou, até porque, hoje, a atrocidade é ainda maior.
Mas
eu escrevi «se bem compreendi». É que se me afigura que poderia ter sido
facultada aos espectadores uma só folhinha que fosse, com uma síntese do
argumento e, também, com a distribuição dos papéis – para que constassem os
nomes de quantos tão briosamente ali puseram de pé uma peça nada fácil pelo enorme
dramatismo que encerra. E todos andaram muito bem. Só não sei quem eles eram.
E, se não tivesse um mínimo de informação sobre Eurípedes e sobre a Guerra de
Tróia, tudo aquilo poderia ter sido para mim algo de inexplicável.
Dir-se-á:
tudo é feito com pouquíssimos recursos. De acordo. E posso estar errado; creio,
porém, que, apresentado o projecto dessa folha a uma entidade pública ou privada,
a troco de publicidade aí inserida (mais não fosse do género «a edição desta
folha só foi possível graças ao apoio de…» e vinha o logótipo!), certamente se
disponibilizariam os parcos euros que tal iria custar.
O Teatro Maria Helena Torrado
Sob a alçada do
Bairro dos Museus, o Auditório Fernando Lopes Graça tem acolhido estas propostas,
nomeadamente da companhia Palco 13. Louve-se a iniciativa, ainda que, a meu
ver, maior promoção há de requerer-se, para que as sessões continuem a estar esgotadas
sempre que nova peça volte a estar em cena.
E
essa preocupação em fomentar o gosto pelo teatro levou-me a recordar outra sala
de Cascais, até porque me saltou, outro dia, do meio dos papéis, um recorte do Jornal da Região de 9-7-2003, em que vem
a foto de Ricardo Carriço e de Maria Helena Torrado, aquando da sua tomada de
posse como membros da Academia de Letras e Artes. Criaram ambos, na Rua Freitas
Reis, um espaço, que tem hoje o nome de Helena Torrado, em homenagem à
escritora que tão cedo nos deixou. Aí tive ocasião de ver, em Junho de 2012, a
peça musical infantil «Mãe Natureza», um original da própria Helena, representado
pelo Grupo de Teatro Confluência. Que se prevê agora para lá?
É
o teatro, palco da vida, a Vida em palco. Uma forma de mais facilmente consciencializarmos
o que nos está a acontecer. Por isso, mais teatro… precisa-se!
José d’Encarnação
Publicado em Costa do Sol Jornal, nº 129, 02-03-2016, p. 6.
Post-scriptum (a 3 de Março às 19:18 h, incluído como comentário infra): Chamaram-me a atenção - e bem - para um lapso: o espectáculo «As Troianas» não foi da companhia Palco 13. Cá está a falta de informação de que eu me queixo no texto. Se tivesse, porém, ido à página da CMC, teria visto - e para ela, mui gentilmente, me remeteram e eu remeto agora, com um agradecimento aos responsáveis da Palco 13 pelo esclarecimento: http://www.cascais.pt/evento/troianas-choro-de-uma-guerra .
Post-scriptum (a 3 de Março às 19:18 h, incluído como comentário infra): Chamaram-me a atenção - e bem - para um lapso: o espectáculo «As Troianas» não foi da companhia Palco 13. Cá está a falta de informação de que eu me queixo no texto. Se tivesse, porém, ido à página da CMC, teria visto - e para ela, mui gentilmente, me remeteram e eu remeto agora, com um agradecimento aos responsáveis da Palco 13 pelo esclarecimento: http://www.cascais.pt/evento/troianas-choro-de-uma-guerra .
Por vezes o único aparente obstáculo é vislumbrar «mandantes» que conservem, ainda e no seu desempenho, elementar noção do que é Vida e, assim, contribuírem para a sua exaltação, a bem de todos... e, então, da própria Vida.
ResponderEliminarChamaram-me a atenção - e bem - para um lapso: o espectáculos «As Troianas» não foi da companhia Palco 13. Cá está a falta de informação de que eu me queixo no texto. Se tivesse, porém, ido à página da CMC, teria visto - e para ela, mui gentilmente, me remeteram e eu remeto agora, com um agradecimento aos responsáveis da Palco 13 pelo esclarecimento: http://www.cascais.pt/evento/troianas-choro-de-uma-guerra
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