Esgotou,
pois, na noite de sábado, 5 de Março, a lotação
do Auditório da Senhora da Boa Nova, na Galiza (Cascais), para saborear o
Concerto da Primavera, cujo programa incluiu obras muito famosas de dois
«emblemáticos compositores russos»: o «Concerto para Piano e Orquestra nº 2 em
dó menor – op. 18», de Sergei Rachmaninoff (1873-1943), composto entre o Outono
de 1900 e Abril de 1901; e a «Sinfonia nº 4 em fá maior – op. 36», de Piotr
Ilitch Tchaikovsky (1840-1893), escrita entre Março e Dezembro de 1877.
Ao piano, como solista, esteve o
extraordinário virtuosismo de Vasco Dantas, um português de apenas 23 anos, que
começou a estudar piano aos 4 e fez a sua primeira apresentação pública aos 6!... Na verdade, se nos encantou a
primorosa execução da orquestra,
Vasco Dantas arrebatou fortes aplausos, tendo-nos brindado e à orquestra, no termo
da primeira parte, com um notável arranjo seu do tema «Parabéns a você»,
alusivo ao facto de a Sinfónica comemorar o seu primeiro ano de vida. Vasco
Dantas: um nome a fixar! Um enorme talento a apoiar!
A Sinfonia nº 4, de Tchaikovsky, só
ouvida! Mesmo um leigo se apercebe de que é de mui difícil execução , a exigir de cada um dos naipes grande domínio da
técnica e da arte, devido, de modo especial, à necessária e mui rigorosa
sensibilidade aos tempos e à modulação
sonora. Delicia-nos o 3º andamento – «scherzo, pizzicato ostinato» – em que os
violino s são tocados não com o arco mas
sim com os dedos, para dar precisamente o pizicato, a requer atenção exímia e elevado rigor de execução . O contraste assume-se no final, «allegro com
fuoco», numa girândola, diríamos, de entusiasmo, em que nos arrebata o toque
vibrante da tuba, das trompas, dos trompetes e dos trombones, vigorosamente
acentuado pela percussão e muito bem acompanhado pelos fagotes (notável, o
desempenho de Catherine Stockwell e também de Tiago Paraíso!).
Os músicos cumprimentaram-se efusivamente,
no final da actuação . E, como eles,
sentimos, na verdade, que… o serão valeu bem a pena e que havíamos participado em
algo de – que se me perdoe o adjectivo – genial!
José d’Encarnação
Publicado em Cyberjornal, 07-03-2016:
Belo texto! Uma delícia!MMI
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