quarta-feira, 16 de março de 2016

Os autarcas cascalenses que se cuidem! (A propósito de uma dissertação de mestrado)

            Anda o político a fazer os seus contactos para vir a presidir a uma união de freguesias (que é, hoje, o chique: «união de freguesias»!...); fala com este e com aquele; esforça-se para que, na Comunicação Social, haja ecos da sua actividade e, assim, dê nas vistas e ganhe diplomas de excelência e… zás! Vem aí o mestrando universitário, carregado de saber, oficialmente orientado por um docente doutorado – e «doutorado» significa que já fez licenciatura, já fez mestrado e é professor encartado… – e deita tudo a perder!
            Não há direito!
            Eu cá processava o mestrando, agora já Mestre, processava o orientador e ia mais longe: processava a própria instituição universitária que ousara pespegar, assim sem mais nem menos, na sua douta página de estudos realizados com sucesso, uma dissertação que põe as freguesias, as uniões de freguesias e o concelho pelas ruas da amargura. Há que protestar! Ou… rir!
            Pois é mesmo isso – rir – o que apetece, no que concerne à dissertação de Mestrado em Administração Pública, aprovada por digno júri e de 81 páginas disponibilizadas na Internet, certamente após nela terem sido introduzidas as correcções exigidas aquando  da defesa.
            O objectivo era saber se o Município de Cascais, em relação ao Estado e à sociedade civil representava o papel de «ponte», se se assumia «enquanto “fórum” conciliador» e se «tem vindo a expandir o seu potencial». Não sei ainda bem o que isto quer dizer e como se detecta, mas, por agora, no âmbito do apelo aos autarcas para que se cuidem, transcreverei algo do que pode ler-se

O Sr. Carlos Carreiras
            Quanto à «posição de Cascais à união de freguesias» [sic], explica-se (cito textualmente):
            «O Presidente de Cascais o Sr. Carlos Carreiras apresentou um comunicado à população, onde nos diz que o Concelho de Cascais apresentou a sua própria proposta de reforma administrativa tendo em conta a “excecionalidade deste concelho”» (p. 58).

S. Domingos de Rana: Maria Gonçalves
            «Com a eleição de Maria Gonçalves, deputada do PS em 2013, observa-se que a freguesia adotou novas políticas para estar mais presente na vida da população residente. Pois, esta presidente realiza passeios e bailes com a população reformada da freguesia (estando presente em todos estes eventos), adota políticas para ajudar as famílias mais carências [sic] da freguesia, como é caso das bolsas de estudo ao ensino superior» (p. 60) e «disponibiliza também Reuniões dos Alcoólicos Anónimos, Coro Vox Laci e Ginásio XL- Manutenção & Cardiofitness» (p. 61).

A paróquia de Alcabideche
            História: «A paróquia de São Vicente de Alcabideche diz respeito ao final do século XIV, o mais antigo livro de atas da Junta de Paróquia, conservado no cartório da igreja, remete a sua conceção, em novas matrizes, para 26 de setembro de 1841, fato que parece derivar da lei datada do ano anterior, edificando [sic] que a presidência destas juntas era da responsabilidade dos párocos» (p. 61).

Cascais – Estoril: António Soares
            «Com a eleição de António Soares, deputado do CDS-PP em 2013, tal como nas freguesias anteriores, esta também tenta estar presente na vida das populações residentes. Pois, observamos que são realizados vários encontros de cariz cultural, tal como na freguesia anterior, verificamos que os eventos realizados são mais centrados para a população sénior, pois os eventos que mais de [sic] destacam são exposições. Quanto às políticas adotadas pela junta de freguesia para ajudar as pessoas mais carenciadas da população residente da freguesia, tal como na junta anterior não nos foi disponibilizada qualquer informação sobre o assunto» (p. 66).

Conclusão:
            «Em suma, não podemos afirmar que o concelho de Cascais é um município que está a caminhar para fazer a ponte entre o Estado e a sociedade, somente a freguesia de São Domingos de Rana o demostra [sic] no concelho» (p. 67).
                                                                José d’Encarnação

Publicado em Costa do Sol Jornal, nº 131, 16-03-2016, p. 6.

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