domingo, 20 de março de 2016

Liga de Amigos do Hospital de Cascais aposta na humanização

             Foram empossados a 1 de Fevereiro último, para um mandato de 4 anos e por 90% de votos, os novos órgãos sociais da Liga de Amigos do Hospital de Cascais – Dr. José de Almeida, IPSS [LAHC], eleitos na assembleia-geral de 27 de Janeiro.
            A LAHC vem na sequência da Liga de Amigos do Centro Hospitalar de Cascais, que, no entanto, em 2011, precisou de se adaptar às normas legislativas entretanto promulgadas e daí que tenha assumido o carácter de Instituição Particular de Solidariedade Social, respondendo, por isso, perante o respectivo Ministério.
            Tem sede no piso 0 (recorde-se que o piso de entrada é o 2), do Hospital Dr. António José de Almeida; o contacto por correio electrónico pode ser feito através do endereço ligadosamigosdohospital.cascais@hospitaldecascais.pt, tem página no facebook e está em fase de reformulação a página www.lach.pt, que em breve estará disponível.
Vladimiro Martins e Celeste Pereira
            Dado o importante papel que uma liga de amigos detém num hospital, quisemos conversar com dois dos elementos da Direcção: Celeste Pereira, enfermeira aposentada, que já conhecíamos desde os tempos do Hospital Ortopédico de Carcavelos, e Vladimiro Martins. Dessa conversa nos fazemos eco.

Um exercício de cidadania
            Assim, dir-se-á, em primeiro lugar, que qualquer pessoa, maior, pode candidatar-se a ser membro da LAHC, sendo proposta por um dos membros. Paga a módica quantia de 25 euros por ano.
            Caso deseje integrar o grupo de voluntários, será acolhida (ou acolhido, entenda-se) por uma psicóloga, com quem estudará as suas características, de modo a determinarem-se as funções para que se sente mais vocacionada e estará dois meses em formação, para se inteirar, como se compreende, das valências em que a sua acção poderá ser mais compensadora.
            Uma das preocupações da nova Direcção é, nomeadamente, a de promover acções de formação sistemáticas: gestão do stresse, suporte básico de vida, relacionamento com o utente – são, a título de exemplo, alguns do temas a abordar. Mas também há que pensar em «códigos de conduta», «princípios e valores»…
            Sublinhou-se muito o facto de esse trabalho voluntário dever ser encarado não como mera «ocupação de tempos livres», mas sim como verdadeiro exercício de cidadania, é um dever cívico de todos ajudar os mais frágeis. Por isso, aliás, o voluntariado é, hoje, altamente tido em consideração na análise dos currículos profissionais, porque, no caso, em apreço, do voluntariado em ambiente hospitalar, é deveras notável a experiência que se adquire nos mais diversos domínios, mormente social e psicológico, sem falarmos já no enriquecimento humano que faculta.
            Um aspecto também insistentemente focado foi o de o voluntário não vir roubar postos de trabalho. A sua função é complementar, de apoio ao doente. Um exemplo: é bem conhecido o difícil relacionamento das camadas mais idosas da população com as novas tecnologias, e para tudo, no hospital como noutras instituições, é preciso abeirar-se de uma máquina e carregar no botão certo, quando há tantos botões pela frente!... Para isso existe o voluntário.

O hospital não é um lugar de morte
            Outra ideia-base que se sublinhou foi a de o hospital já não ser visto, felizmente, como um lugar de morte: entrava-se no hospital para morrer! Hoje, a passagem pelo estabelecimento hospitalar é cada vez mais efémera, porque muitos tratamentos se fazem em ambulatório. Também aí – até porque, por exemplo, a valência materno-infantil do Hospital Dr. António José de Almeida abarca não apenas o concelho de Cascais mas igualmente o de Sintra – o papel da LAHC pretende ser activo: no acompanhamento externo do doente e não apenas em ambiente hospitalar. Nasceu um bebé: apoia-se a mãe, sobretudo se o foi pela primeira vez e não tem experiência; mas… quando saem, para onde vão? Que ambiente as espera? Têm roupinha para os primeiros tempos? Leite, papas?...
            Urge humanizar a relação do doente com as instituições que lhe prestam cuidados de saúde e essa é uma das metas a alcançar. Por esse motivo, a Direcção – para além das actividades que a LAHC já mantém com outras entidades ligadas à saúde (recorde-se o apoio que dá ao Berçário de Matarraque) e à assistência – está disponível para entabular conversações com a Santa Casa da Misericórdia de Cascais, com os responsáveis pelo banco de voluntariado da Câmara e outras irmanadas neste espírito de serviço… E todos não seremos de mais para levar a cabo tão nobre missão!
                                                       José d’Encarnação

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