«Meu
caro, já reparou nos novos catálogos de livros das editoras internacionais?
Livros Normais, em papel, de 90
a 120 euros; livros em ficheiro que permite uma única
impressão em papel branco entre 50
a 75 euros; ficheiro tipo ebook 20 a
30 euros. As bibliotecas, devido a este aumento tremendo de preços, começam a
emprestar ebooks. Experimente ver nas
bibliotecas, talvez o meu amigo faça uma crónica sobre este tema. Cada vez mais
a tendência ocidental é de termos uma cultura elitista. Eu não consigo comprar
um livro técnico por 90 euros, pelo que não me resta outra hipótese senão o
formato digital».
E
recebi de novo, creio que pela quarta vez, um excelente vídeo – http://www.youtube.com/embed/Q_uaI28LGJk
– a fazer a publicidade de um produto
que não carecia de nenhuma das modernas atenções, como verificar se tem bateria
(porque não trabalha a bateria), ou se há acesso à rede da Internet (porque
dela não carece)… Enfim, tão bom, tão bom e tão despojado das exigências a que hoje
estamos cativos que, pouco a pouco, nos cresce irresistível desejo de… ir comprar!
No final da apresentação ,
descobre-se a identidade desse precioso objecto: o livro… em papel!
Muita
gente confessa: «Não há como sentir o toque das páginas! É como que uma
volúpia… Depois, tu voltas atrás num ápice e dá-te na veneta passar dez páginas
e passas. E quedas-te, pasmado, naquele parágrafo de um saber profundo. E não
ficas com a preocupação de estar a estragar
a vista e não vociferas «O diabo do tablet
já quase não tem bateria e está lento como burro cheio de lazeira», «Olha,
agora bloqueou, o alma-do-diabo!...».
Tem,
pois, inteira razão o meu Amigo Silva Pina e há que fazer uma campanha para se
conseguirem edições «técnicas» mais acessíveis a quem delas precisa.
Confesso
que muito me facilita a vida ter uma quantidade infinita de livros antigos e da
minha especialidade disponibilizados na Internet, mormente por iniciativa da Google; eu próprio não hesito em disponibilizar
os resultados do que vou investigando e escrevendo. Mas também confesso que,
muito amiúde, dou comigo a pensar em relação
aos textos que só têm versão digital: «Eu devia pensar em fazer com eles um
livro!».
Sim,
a edição em papel equivale ao corte
de umas tantas árvores e lá estamos nós a matar o ambiente!... Pergunto-me,
porém, se é mesmo o papel gasto em livros o principal respons ável
pelo rápido e progressivo desaparecimento da floresta original. Será?
José d’Encarnação
Publicado em Renascimento (Mangualde), nº 681, 15-03-2016, p. 12.
Margarida Lino
ResponderEliminarNão quero acreditar que algum dia vamos ficar sem livros em papel! Em minha casa, há livros por todo o lado, não há espaço para muitas outras coisas. Mas garanto que não são histórias cor-de-rosa, entre eles estão alguns teus, de que gosto imenso. Bjs!