quarta-feira, 24 de outubro de 2018

O nº 100 do C

              Com periodicidade mensal, o jornal C teve, no passado mês de Setembro, a sua 100ª edição. Com 16 páginas, formato de jornal, é propriedade da Câmara Municipal de Cascais e dirige-o Marco Espinheira. Constam na ficha técnica seis senhoras do Departamento de Comunicação e nota-se, sem dúvida, na paginação e na escolha dos temas, esse arguto pendor feminino, que sabe como se faz jornalismo ao serviço de uma autarquia.
            Uma tiragem de 120 000 exemplares, chega decerto a todos os munícipes e há que aplaudir, desde logo, a sua longevidade, pois é raro a publicação de uma qualquer Câmara lograr manter-se durante tanto tempo e com regularidade, no mesmo estilo, o mesmo formato e a mesma orientação. Estão, pois, de parabéns os seus mentores e realizadores. Também nisto Câmara dá cartas – e ainda bem!
            Assina habitualmente o editorial o presidente do Executivo, que, neste número, atendendo a que, em breve, se ouviria «a campainha tocar» para as aulas, se dirige aos alunos do concelho, dizendo-lhes a dado passo:
            «Não precisam de ser os melhores. Só precisam de dar o vosso melhor».
            Regozija-se, mais adiante, com a (então, próxima) inauguração do pólo, em Carcavelos, da Universidade Nova de Lisboa. Um sonho concretizado, a School of Business & Economics. Assim mesmo, em língua internacional, que o português era menos soante, sobretudo se se pensasse em chamar-lhe «Escola de Negócios» e alguém era capaz de ficar de pé atrás: «Negócios? Que negócios?»… Ora «business» não corre nunca esse risco, como ninguém acha que se deva mudar o nome do Ministério dos Negócios Estrangeiros, porque, aí, há sempre que ‘negociar’ e bem!
            E quanto ao uso do inglês, não pode esquecer-se que C tem duas páginas redigidas nessa língua, para a vasta comunidade estrangeira que escolheu Cascais para residir.
            Uma página de anúncio da iniciativa Lumina, o festival da luz que iria ocupar o fim-de-semana de 21 a 23, e cujo percurso pormenorizado se mostra nas páginas centrais. Aliás, essas quatro páginas poderiam funcionar autonomamente, guia excelente do festival. Temos o oportuno incitamento da Mobi Cascais a que os jovens usem a bicicleta. Há outros textos especialmente destinados aos estudantes: como se deve comer, «Aprender, aprender sempre!» e duas páginas de eloquente e assaz bem apresentada entrevista ao catedrático Carlos Neto, investigador da Faculdade de Motricidade Humana: «É preciso tirar as crianças do sofá». Gostei dessa entrevista e do ar simpático do entrevistado. E, claro, das suas considerações:
            «Vivemos num mundo digital avassalador. As crianças vivem o corpo na ponta dos dedos. As novas tecnologias forçaram o corpo a funções não expectáveis. Nas primeiras idades, precisamos de mexer o corpo, ganhar autonomia, de arriscar, explorar, descobrir».
            É urgente que a criança volte a saber brincar ao ar livre, a participar mais, na Escola, nos projectos educativos: «Tem de haver mais tempo livre».
            Pode parecer mal que um docente afirme «o que hoje ensinamos na escola provavelmente não servirá para quase nada». Compreende-se, porém, porque se explica, logo a seguir, que «o brincar é talvez o comportamento que melhor ajuda a estruturar todas as competências essenciais para o futuro».
                                                                    José d’Encarnação

Publicado em Costa do Sol Jornal (Cascais), nº 255, 2018-10-24, p. 6.

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