segunda-feira, 29 de outubro de 2018

As bonecas de trapos, a praça de touros e o Bairro Marechal Carmona!

             Inaugurada na tarde de quinta-feira, 25, esteve patente ao público nas instalações da Santa Casa da Misericórdia de Cascais, com entrada pela Rua da Saudade, em Cascais, a exposição «Nem os trapos são velhos», com trabalhos de utentes dos centros de dia a cargo daquela secular instituição.
            Escusado será dizer que há ali de tudo, numa encantadora panóplia de imaginação, ironia, saber popular, tradição, engenho, dedicação… a provar que, na verdade, de qualquer trapo, por mais velho que pareça, pode brotar, em estreita comunhão com outros, mui deliciosa obra-prima.
            Uma exposição que valeria a pena poder estar mais tempo e – porque não? – ser itinerante. Estavam na inauguração presidentes das juntas de Alcabideche, Cascais-Estoril, S. Domingos de Rana… qualquer deles tem salas de exposição, poderia pensar em apresentar lá essas bonecas de trapos, a fazer as delícias de miúdos e graúdos, sem dúvida!
            Teve pompa e circunstância a sessão de abertura, com passagem de modelos, montados em bicas, perante mais de meia centenas de pessoas (sobretudo dos centros de convívio e funcionários da Santa Casa), no pátio interior da Misericórdia, com sábia apresentação por uma das técnicas da Câmara, entidade que se associou ao evento.

Falou a Senhora Provedora
            Aproveitou a Senhora Provedora, Dra. Isabel Miguens, para louvar o trabalho desenvolvido pelos utentes, sob orientação das mais directas responsáveis pelos centros, salientando que as obras destes «militantes da sabedoria da vida» mui eficazmente contribuíam não apenas para «dar vida aos trapos», mas também «para devolver cidadania aos artífices».
            Num trocadilho pleno de oportunidade, aludiu ao facto de que, se tudo isso «custa fazer», se calhar, muito mais «custa não fazer»!
            E, em jeito de desafio ao presidente da Câmara, também ele Irmão da Santa Casa, sublinhou quanto importaria que à «academia do saber» que a Câmara desenvolve se deveria unir essoutra academia, «a do fazer».
            Não desprezando igualmente a possibilidade de se referir aos problemas que afectam a chamada «terceira idade», frisou que se conhecem os custos da doença, mas se desconhecem, de facto, os custos da prevenção – e nestes importa investir.

O discurso político
            Embora – como teve o cuidado de lembrar – não tivesse intenção de fazer um discurso eleitoralista, porque ainda faltam alguns anos para novas eleições autárquicas, o presidente da Câmara começou por afirmar que muito deve Cascais à Santa Casa, pelos séculos de serviço que tem prestado a população cascalense necessitada.
            Aproveitou, no entanto, para dar algumas notícias de interesse:
            ) Resolveu-se o problema da praça de touros, que muito trazia preocupados, desde há bastante anos, os responsáveis pela Misericórdia, por ter sido reprovado pelo executivo de António Capucho o Plano de Pormenor, aprovado no tempo de José Luís Judas, do empreendimento previsto para o sítio onde se arrasou a praça de touros, no Bairro do Rosário. Assim, acertou-se que, em vez dos 29 000 m2 de construção previstos, apenas se fariam 20 000 e que não se atingiriam os 16 ou 17 andares iniciais, mas somente a altura a que estava a praça de touros, não mais. Desta sorte, com a verba agora recebida e que esteve cativa durante todos estes anos, foi possível à Santa Casa pagar as dívidas todas (designadamente a dos juros sempre em aumento…) que a vinham atormentando. «Todos estamos de parabéns!».
            2ª) No que concerne ao Bairro Marechal Carmona, que ora passou na totalidade para a posse da Câmara, também por efeito do protocolo assinado com a Santa Casa, garantiu o presidente que todos os que lá moram lá continuarão a morar, em melhores condições, porém. Em segundo lugar, haverá a preocupação de dotar o bairro de maiores facilidades de mobilidade para os moradores. Finalmente, haverá equipas para os acompanhar, numa perspectiva de «envelhecimento activo», porque – importa não esquecer! – os anciãos são também como que essa «academia do saber» de que falava a Senhora Provedora. Nesse sentido, há já duas equipas universitárias, uma do Instituto de Ciências Sociais e outra da Faculdade de Arquitectura a fazer aturado estudo da situação, a fim de vir a ser possível lançar as necessárias propostas de reabilitação das estruturas e, consequentemente, da melhoria das condições de vida dos habitantes.
            3ª) E já que se falava em famílias, não quis o presidente deixar de informar que – para além de a Câmara ir colaborar activamente na recuperação da igreja da Misericórdia, como importante património edificado da vila – os Paços do Concelho passaram a ser a «casa da família de Cascais», porque estão abertos, podem ser visitados, nomeadamente para se verem de perto os magníficos painéis de azulejos não só os da escadaria de acesso ao primeiro andar como, de modo especial, os da sala de reuniões. Não se referiu o presidente ao azulejo que identifica – mal – os Paços do Concelho, pois que diz ele ser ali o “Município de Cascais” e, como sabemos, não é apenas ali, por mais que algum aventureiro, um dia, por isso possa vir a pugnar!
                                                                       José d’Encarnação

Publicado em Cyberjornal, edição de 27-10-2018:

           

Foi numerosa a assistência

Instantâneo da apresentação da passagem de modelos

E que trajar!...

Então não sou uma beleza, ora digam!...
Quão vaidosa que eu estou!...

1 comentário:

  1. Bom Dia Prof.
    Gosto de o Ler, mais ainda por nos informar com "mestria" o que se vai vivendo na nossa urbe.
    Bem haja.
    Maria Helena

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