Sim,
esses técnicos não iriam exercer funções políticas por eleição do Povo, mas o
seu saber poderia encaminhar os políticos a prezarem não apenas a Cultura mas
também a Comunicação.
Foi
na sequência dessa atitude docente, largamente acolhida, que praticamente todos
os municípios se consciencializaram da necessidade de periodicamente ‘prestarem
contas’ de uma forma palpável. E ‘palpáveis’ eram, por exemplo, os boletins municipais.
Vivamente
me congratulo, por exemplo, com a rubrica «Em discurso directo» que,
religiosamente, o Noticias de S. Braz,
de S. Brás de Alportel, mantém: «O Presidente da Câmara Municipal, Vítor Guerreiro,
responde todos os meses às nossas questões», lê-se em subtítulo. E, em as
«nossas questões», o director do jornal faz-se eco do que se diz, do que se aplaude,
do que se critica, do que se propõe. A pergunta final é sagrada também: «Tem
mais alguma mensagem para os nossos leitores?».
Tenho presente o número 243 (Novembro/Dezembro 2018) do Boletim Municipal Oeiras Atual. Ilustram-se as iniciativas de maior alcance levadas a efeito pela autarquia nas últimas semanas e nele se integra o suplemento «Deliberações e regulamentos», onde se dá conta das decisões tomadas nas reuniões do Executivo e da Assembleia Municipal. Um suplemento que o munícipe pode guardar, a fim de estar mais ao corrente do que os seus eleitos houveram por bem promover.
Idêntica
prática é corrente em Santiago do Cacém. Estou a exemplificar, não direi ao
acaso, mas entre os boletins que me chegam à caixa do correio. O nº 47 dessa Informação Municipal diz respeito a
Dezembro de 2018 e Janeiro de 2019, mas trata-se de uma publicação trimestral
«de distribuição gratuita», indicando-se, na ficha técnica, que a tiragem é de
6000 exemplares. 20 páginas a cores e papel couché, que noticiam com adequadas
ilustrações as actividades desenvolvidas. Ilustrações em que, cada vez menos,
aparece a figura do presidente, para dar lugar aos que, no terreno,
consubstanciaram e promoveram as realizações. Claro, o presidente surge na
última página, sorridente, a reiterar que é sua intenção «continuar a fortalecer
o Município» – um município que garbosamente se intitula «Terra Única»!... – para
concluir:
«Somos,
hoje, reconhecidamente, um Município com iniciativa, cada vez mais atractivo
para as pessoas que aqui vivem, trabalham e nos visitam».
Não
é tudo, porém! Também esse boletim traz uma separata com o «Resumo das principais
deliberações das reuniões da Câmara Municipal (3 de Maio a 27 de Setembro de
2018)». Está bem, mas já viu o atraso? Certo. Recordar-se-á, todavia, que
muitas deliberações só se tornam efectivas após a aprovação da acta e cumpridas
as diligências subsequentes. E não há um provérbio que diz «Mais vale tarde que
nunca»?
José d’Encarnação
Publicado em Costa do Sol Jornal (Cascais), nº 271, 2019-03-06, p. 6.
Sem comentários:
Enviar um comentário