quinta-feira, 15 de junho de 2017

Isabel Pereira, museóloga

              Mão amiga me fez chegar esta foto que capta um instantâneo da fala do Dr. António Nabais, Presidente da Mesa da Assembleia Geral da Associação Portuguesa de Museologia, em que enaltece os méritos da Dra. Isabel Pereira, galardoada como ‘Personalidade do Ano’ no âmbito dos prémios anualmente atribuídos por aquela associação criada em 1965 e que tem por objectivo pugnar pela defesa da Museologia em Portugal.
              A sessão decorreu na tarde do passado dia 9, no Museu Soares dos Reis (Porto).
              Isabel Pereira começou a notabilizar-se como numismata, integrada na equipa luso-francesa que escavou a cidade romana de Conímbriga, de cujo Museu Monográfico começou por ser conservadora. Deve-se-lhe o volume III das Fouilles de Conimbriga, Les Monnaies (Paris, 1974), que assinou com Jean-Pierre Bost e Jean Hiernard, obra que foi então premiada internacionalmente como notável exemplo de estudo numismático.
              De Conimbriga foi para a Figueira da Foz, onde se iniciava então a construção de raiz do Museu Santos Rocha, com o apoio da Fundação Gulbenkian, numa sequência do que se pusera em prática no Museu Gulbenkian em Lisboa. Foi Isabel Pereira a grande obreira da organização do empreendimento, enquanto mantinha a sua outra ‘predilecção’, a Arqueologia (aliás, o museu tinha importante colecção legada pelo seu patrono), e deve-se-lhe, por exemplo, o conhecimento que hoje se tem do importante e mui singular povoado de Santa Olaia, um dos primeiros a dar conta da presença de Fenícios em território nacional.
              Da Figueira seguiu para o Museu de Santa Joana Princesa, em Aveiro, onde também procedeu à reorganização das colecções e fez obra de mérito. Aí a colheu a aposentação, que, porém, não correspondeu a descanso. Assim, deve-se-lhe o monumental volume Moedas Romanas do Museu Municipal de Santiago do Cacém, Câmara Municipal de Santiago do Cacém, 2007, em que teve o precioso apoio do marido, Teófilo Silva. A que se seguiu As Moedas. Villa Romana do Rabaçal (Penela – Portugal). 25 Anos de Trabalhos Arqueológicos (1984-2010), Câmara Municipal de Penela, 2012, também com a colaboração de Teófilo Silva e de Miguel Pessoa (o arqueólogo do sítio). Sei que têm entre mãos a preparação do catálogo das moedas do Museu de Faro, que apenas circunstancialismos da mais diversa ordem têm impedido de ver a luz do dia.
         Sirvam estas singelas linhas para demonstrar quão ajustado foi o prémio ora concedido, porque Isabel Pereira reúne em si os dotes de uma verdadeira museóloga: à direcção dos museus soube mui sabiamente aliar o trabalho científico, em que é mui reputada especialista. Comentou quem me enviou a foto:
        «Foi muito emotivo, muito bonito e a Dra. Isabel estava muito calma e assertiva. As suas palavras foram belíssimas também.»
           Honra ao mérito!
          Congratulo-me vivamente! Inclusive por contar a Isabel e o Teófilo entre os meus grandes amigos. 
 
                                              José d’Encarnação

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