A sessão decorreu na tarde do passado dia 9, no Museu Soares dos Reis (Porto).
Isabel Pereira começou a notabilizar-se como numismata, integrada na equipa
luso-francesa que escavou a cidade romana de Conímbriga, de cujo Museu Monográfico
começou por ser conservadora. Deve-se-lhe o volume III das Fouilles de
Conimbriga, Les Monnaies (Paris, 1974), que
assinou com Jean-Pierre Bost e Jean Hiernard, obra que foi então premiada
internacionalmente como notável exemplo de estudo numismático.
De Conimbriga foi para a Figueira da Foz, onde se iniciava então a construção de raiz do Museu Santos Rocha, com o apoio da
Fundação Gulbenkian, numa sequência
do que se pusera em prática no Museu Gulbenkian em Lisboa. Foi Isabel Pereira a
grande obreira da organização do
empreendimento, enquanto mantinha a sua outra ‘predilecção ’,
a Arqueologia (aliás, o museu tinha importante colecção
legada pelo seu patrono), e deve-se-lhe, por exemplo, o conhecimento que hoje
se tem do importante e mui singular povoado de Santa Olaia, um dos primeiros a
dar conta da presença de Fenícios em território nacional.
Da Figueira seguiu para o Museu de Santa Joana Princesa, em Aveiro, onde também
procedeu à reorganização das
colecções e fez obra de mérito. Aí a colheu a aposentação ,
que, porém, não correspondeu a descanso. Assim, deve-se-lhe o monumental volume Moedas Romanas
do Museu Municipal de Santiago do Cacém, Câmara Municipal
de Santiago do Cacém, 2007, em que teve o precioso apoio do marido, Teófilo Silva. A que se
seguiu As
Moedas. Villa Romana do Rabaçal (Penela – Portugal). 25 Anos de Trabalhos
Arqueológicos (1984-2010), Câmara Municipal de Penela, 2012, também com a
colaboração de Teófilo Silva e de Miguel Pessoa (o arqueólogo do
sítio). Sei que têm entre mãos a preparação
do catálogo das moedas do Museu de Faro, que apenas circunstancialismos da mais
diversa ordem têm impedido de ver a luz do dia.
Sirvam estas singelas linhas para demonstrar quão ajustado foi o prémio ora
concedido, porque Isabel Pereira reúne em si os dotes de uma verdadeira
museóloga: à direcção dos museus
soube mui sabiamente aliar o trabalho científico, em que é mui reputada
especialista. Comentou quem me enviou a foto:
«Foi muito emotivo, muito
bonito e a Dra. Isabel estava muito calma e assertiva. As suas palavras foram
belíssimas também.»
Honra ao mérito!
Congratulo-me vivamente! Inclusive por contar a Isabel e o Teófilo entre os meus grandes amigos.
José d’Encarnação
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