Compreende-se
tal necessidade.
Hoje,
nas universidades, há cada vez mais dissertações de mestrado e até de
doutoramento, que versam, naturalmente, questões locais, no âmbito do património
e da história; por outro lado, é cada vez maior e mais incentivada, no Ensino Secundário,
a estreita ligação do estudante ao
meio em que a Escola se insere. Daí resultam trabalhos académicos de real
valia, que não podem ficar ignorados nas gavetas dos docentes ou nos armários
das escolas. Uma revista cultural local – em papel – constitui, pois, o meio
ideal para ser esse repositório.
Louve-se,
por isso, o facto de a Associação Cultural
de Oeiras ter ousado meter ombros à publicação
de uma revista cultural semestral de que o 1º nº foi solenemente apresentado no
passado dia 20 de Maio.
Excelente
papel couché, profusamente ilustrada e de primorosa paginação , está dividida em secções: opinião, testemunho,
contraponto, estudos, arquivo da memória, tributo, olhar cruz ado,
estante e breves. Explicita-se, no final do índice, que os textos remontam a
2013, apenas tendo sofrido agora leves retoques, apenas para a absolutamente
necessária actualização .
A
temática versa, na sua totalidade, Oeiras, o seu património, as suas
personalidades, a sua história, os seus monumentos. Permita-se-me que apenas
refira alguns: «A praça pombalina de Oeiras» (Fátima Bombouts de Barros), «O pelourinho
– um símbolo da autonomia oeirense» (Jorge Miranda), «De Casa dos Coches a
Paços do Concelho» (Célia Garrett Florêncio); «O parque municipal de Oeiras…
que Oeiras possui sem o saber» (Rodrigo Alves Dias); e Joaquim Boiça traz-nos
uma representação da fortaleza de S.
Julião da Barra no século XVI. O tributo é mui justamente prestado a Victor
Wladimiro (1934-2012), notável vulto da nossa Cultura.
90
páginas que se lêem com agrado e muito proveito.
E
eu voltava ao princípio, se me dão licença: os boletins culturais camarários
têm habitualmente uma vida efémera ou muito irregular. Estou a lembrar-me do
«Arquivo de Cascais», do «Arquivo de Beja», da «Xelb» de Tavira, da «Olisipo»
de Lisboa… que saem, como sói dizer-se, quando el-rei faz anos (e agora até não
há reis entre nós…). Por isso, o meu voto não poderia ser outro: que Espaço & Memória tenha uma vida
longa, próspera, fecunda e… semestralmente nos visite, como prometido está.
Aos
dirigentes da Associação Cultural de
Oeiras um grande abraço de bem merecidos parabéns!
José d’Encarnação
Publicado em Cyberjornal , edição
de 2 de Junho de 2017:
Sem comentários:
Enviar um comentário