‒ Qual o perfil que traçava
para o candidato ideal para a Câmara Municipal de Cascais?
‒ Dentro dessa linha
indicava dois ou três nomes que em seu entender poderiam vir a ser bons
presidentes de Câmara?
Fui eu um dos interpelados
e, ao reler o que então respondi, pareceu-me oportuno partilhar (como hoje se
diz) ipsis verbis essas minhas opiniões
– que, por sinal, mantenho, apesar de todos estes anos passados.
Paços do Concelho de Cascais |
Estas
singelas reflexões brotam, pois, desse intenso “convívio” e do espectáculo que se
lhe seguiu – a que tenho assistido como cidadão, como candidato (que fui) à
Assembleia Municipal, como jornalista e historiador da cultura e, também como
respons ável universitário por um
curso de pós-graduação , curso onde,
aliás, lecciono Comunicação Social.
É
unanimemente reconhecido que não é nada fácil a Câmara Municipal de Cascais. Poderá
ser trampolim para outros voos políticos; mas não tem sido fácil. É uma Câmara grande,
com muita gente. Uma Câmara supostamente rica e onde, supostamente também, se
podem fazer grandes negócios. Não invejo, por isso, quem se deseje candidatar, porque
será, à partida, tarefa difícil convencer o eleitorado e os seus funcionários que
está ali para servir o bem comum e não os seus interesses ou os interesses dos
amigos ou a política do seu partido. Mormente se, como assaz amiúde tem ocorrido,
estivermos perante alguém caído aqui de pára-quedas, para usarmos uma feliz
expressão popular.
Sugiro
alguém que seja natural daqui ou que em Cascais viva há longos anos e que, por
isso, sinta esta terra como sua (no sentido nobre do termo), com as suas características,
a sua história (que deverá saber).
Alguém
que saiba dialogar: com os colegas do seu Executivo (independentemente da sua
cor política), com os funcionários (todos!), com a Comunicação Social (mormente a local e regional, sentindo-a como
o eco da actividade camarária e o veículo privilegiado das ansiedades dos
povos), com os munícipes (sem excepção )…
Alguém
com a humildade suficiente para criar equipa e distribuir pelouros (mesmo pela oposição ) e suficiente orgulhoso para contrariar as
«ordens» do partido que maioritariamente o apoiou sempre que elas não
correspondam às suas convicções.
Nem
demasiadamente brando que se deixe manobrar nem dando-se ares de auto-suficiente
(primeiro passo para que, mais tarde ou cedo, lhe tirem o tapete dos pés…).
É
um retrato ideal, claro. Isso, aliás, me pediram.
Daí
que ouse acrescentar: independente dos partidos políticos.
Utopia?
Gostaria bem que não.
Nomes?
Para quê? Se, nesta conjuntura, são os partidos que decidem, de acordo com a
sua inefável estratégia eleitoral e, se for caso disso, até vão buscar um
senhor a Bragança (sem qualquer desprimor para os brigantinos…), só porque isso
serve às mil maravilhas os seus intentos! Ou será que alguém tem coragem para
inverter a situação ?
José d’Encarnação
Publicado em Jornal Notícia [Cascais], edição de 1 de Abril de 1993.
Bom dia Professor,
ResponderEliminarLendo os seus escritos senti vontade de dizer (escrever) algo
Gostei e concordo com os ditos.
“O perfil do candidato autárquico…
“interesses dos amigos ou a política do seu partido. Mormente se, como assaz amiúde tem ocorrido, estivermos perante alguém caído aqui de pára-quedas, para usarmos uma feliz expressão popular”.
Mas: difícil é afrontar os interesses instalados, lembrar-se-á que nas últimas autárquicas um dos candidatos era de Cascais e o presidente da Assembleia era o José Jorge Letria, adiante…
Oeiras tem nova revista cultural – e nós em Cascais? Eu seu e partilho a sua tristeza com o fim da nossa AGENDA, adiante…
Um velhinho Bairro Operário, em Cascais
“não houve da parte das entidades competentes o cuidado em consultarem um epigrafista”
Não Houve nem há nunca, quiçá num bairro ou evento com nomes “estrangeirados”? vou continuar a encanzinar-me com esta cultura recreativa.
Gosto de o ler e saber que é um munícipe praticante
cumprimentos, Maria Helena