2
– A carta de João Tordo ao pai Fernando, publicada a 19 de Fevereiro de 2014,
donde recorto:
«Os
nossos governantes têm-se preparado para anunciar, contentíssimos, que a crise
acabou, esquecendo-se de dizer tudo o que acabou com ela. A primeira coisa foi
a cultura, que é o património de um país. A segunda foi a felicidade, que está
ausente dos rostos de quem anda na rua todos os dias. A terceira foi a
esperança. E a quarta foi o meu pai […].
3
– Entretanto, na terceira semana de Maio, começou a falar-se por aí na hipótese
de proibir os jovens de emigrar. E dei comigo a exclamar alto:
Partir, partir, partir!... |
Nunca
pensara eu que tal pudesse acontecer comigo; mas confesso que já não sei em
quantos países tenho agora familiares: no Reino Unido, em França, no Qatar, no
Canadá, no Brasil, na Austrália, na Islândia, na Escócia, na Suécia… Eu sei lá!
4
– Termino, sem comentários. Escreveu Pedro Afonso, psiquiatra no Hospital Júlio
de Matos (jornal Público,
19-09-2013):
«Nas
empresas, os directores insanos consideram que a presença prolongada no
trabalho é sinónimo de maior compromisso e produtividade. Portanto é fácil
perceber que, para quem perde cerca de três horas nas deslocações diárias entre
o trabalho, a escola e a casa, seja difícil ter tempo para os filhos. Recordo o
rosto de uma mãe marejado de lágrimas e com o coração
dilacerado por andar tão cansada que quase se tornou impossível brincar com o
seu filho de três anos. […] Interessa-me a saúde mental de alguns portugueses
com respons abilidades governativas,
porque se dedicam obsessivamente aos números e às estatísticas, esquecendo que
a sociedade é feita de pessoas».
José d’Encarnação
Publicado em Renascimento (Mangualde),
nº 709, 1 de Junho de 2017, p. 11.
Carla Santos Brito
ResponderEliminarBem... tão esclarecedora matéria, é mais uma sinfonia de desencantos!
«Sinfonia de desencantos» - muito bem pensado, Carla, muito bem pensado! Bem haja!
EliminarMargarida Lino
ResponderEliminarMeu amigo, depois desta crónica, só posso enviar-te um abraço! Bj!
Gosto
· Responder · 22 h.
Carla Santos Brito