Uma
comunidade sem memória não existe! E também para isso serve um Executivo
Municipal! Não apenas para facilitar o presente aos munícipes e melhor vida
lhes proporcionar no futuro, porque, repito, futuro sem memória válido nunca
será.
Aliás,
esse propósito esteve bem patente nas comemorações do centenário: olhou-se para
o Futuro, sim, mas não se esqueceu o Passado. E dificilmente sairá da memória
dos são-brasenses quão eloquente foi o cortejo à maneira de cem anos atrás; os painéis
espalhados pelas ruas em que se recordava o que existira ali, que personagens
fizeram a nossa história!...
Há,
pois, caros membros do Executivo Municipal, de olhar com olhos de ver para esse
passado e para quem, no território são-brasense ou fora, honrou a sua terra
natal.
Escrevi
«fora», porque – feliz ou infelizmente – foi grande (é grande!), a diáspora são-brasense
em busca de melhores condições de vida. Mas esses são-brasenses que ora têm
mais de 60 anos e que ilustraram a história do País e, naturalmente, o seu
berço são-brasense nunca negaram, quando combateram pelo 25 de Abril ou no 11
de Março, quando se ilustraram na Política ou nas Artes ou no Desporto ou nas
Ciências…Por isso, quando, agora, pensam em legar ao Município parte do espólio
das suas vidas, importa que o Executivo prontamente
lhes dê atenção, sob pena de – por
ausência de resposta – o seu legado ir enriquecer
outros arquivos!
É
urgente a criação de um espaço que,
a par do que faz o Museu do Trajo, venha a albergar todos esses espólios que
são, queira-se ou não, parte integrante da história são-brasense. Crie-se já um
bom Arquivo Municipal!
E
quiçá para o efeito venha a sobrar alguma verbazinha desse projecto de criação, na Fonte Férrea, de… uma praia fluvial! A praia
é futuro; mas futuro que não se alicerça no passado corre, Amigos, sério risco
de desabar!
José d’Encarnação
Publicado em Noticias de S.
Braz [S. Brás de Alportel] nº 270, 20-05-2019, p. 13.
Da Dra. Marlene Guerreiro, mui digna vice-presidente da autarquia são-brasense, recebi prontamente o esclarecimento que segue e que muito agradeço:
ResponderEliminarDe: Marlene Guerreiro
terça-feira, 21 de Maio de 2019 16:14
Gostaria desde já de lhe manifestar que o projeto de criação de um Arquivo Municipal é um sonho antigo que temos, foi inclusivamente adquirido um espaço para tal. No entanto, não houve ainda oportunidade para a execução deste projeto, dado tratar-se de um grande investimento, com a complexidade inerente à especificidade da sua natureza e dos seus objetivos, nomeadamente ao nível de recursos humanos específicos que também são uma grande carência que temos, e dado que para esta área não tem havido possibilidade de obtenção de financiamentos e infelizmente o município tem parcas receitas próprias.
Temos por prática fazer o melhor uso possível dos recursos, aproveitando sempre as oportunidades que nos surgem mediante programas de financiamento comunitário. É por exemplo esse o caso dos núcleos interpretativos que temos neste momento em execução: Núcleo Interpretativo da EN2 e Núcleo Interpretativo da Serra do Caldeirão, que virão complementar a Rota da Memória que estamos a constituir. E a valorização do Parque da Fonte Férrea, que é também nosso desejo, só será realidade se conseguirmos obter financiamento.
Justamente por essa razão, e enquanto aguardamos pela execução desse projeto mais ambicioso, avançámos com a execução de um projeto mais pequeno mas muito útil para a valorização da nossa história: o Espaço Memória do Município, que abriu portas no passado dia 1 de junho de 2018, estando localizado no 1.º andar do edifício da Câmara Municipal, onde temos uma súmula de informação e guardamos algumas das nossas relíquias.
"E a valorização do Parque da Fonte Férrea, que é também nosso desejo, só será realidade se conseguirmos obter financiamento".
ResponderEliminarSignifica isto portanto que o objectivo de criar uma praia fluvial prossegue, e que o mesmo é considerado "ambicioso".
Para um Concelho que se encontra a menos de meia hora de excelentes praias e que já possui piscinas tanto abertas como cobertas, pouco pela memória ou valorização do espaço em questão iria essa proposta fazer; porque valorizar a memória construída e natural passa precisamente por cuidar, reabilitar o que evoca a memória e não construir por cima algo que altere a memória original, é pelo menos assim que o entendo.
São salutares as restantes propostas, sobretudo o Centro Interpretativo da Serra do Caldeirão que espero, mais do que evocador de memórias seja um acervo histórico-cientifico da vertente humana e natural da mesma, e que impulsione o Futuro concelhio que estará sempre ligado a dita Serra e o que dela se faça, e tal não passará seguramente pela importação de tragédias imobiliárias do litoral, tão perto, tão diferente, e tão cheio de maus exemplos.
Miguel.