Depois
de intensa actividade como secretário-geral da Estoril-Sol, Lima de Carvalho
entregou-se de alma e coração à sua galeria
de arte no Casino Estoril, onde se fazia acompanhar por sua esposa. Duas
presenças, aliás, que não dispensávamos.
E
se, como responsável pela projecção da Estoril-Sol, lhe ficamos a dever a iniciativa
pioneira de semanas gastronómicas, de artesanato e culturais, mormente relativas
a regiões específicas (da Baía, de Trás-os-Montes, do Minho, da Galiza…), que
sempre com saudade se recordarão, no âmbito das Artes Plásticas o seu entusiasmo
pela pintura «naïf» não teve igual, assim como a organização
dos salões de Arte Infantil, na perspectiva – sempre adiada pelas entidades –
de vir a ser criado em Cascais um Museu de Arte Infantil.
Foi
a sua galeria um berço onde se acarinharam os jovens artistas, quer pela sua aceitação nos salões da Primavera ou de Outono, quer
porque, em colaboração com docentes
das escolas de Belas Artes, cedo os finalistas aí puderam expor os seus
primeiros e mais promissores trabalhos, acontecendo que muitos deles aí vieram
a fazer a sua primeira exposição
individual.
Poder-se-á
mesmo afirmar que nenhum artista importante português deixou de ter as suas
obras expostas no Casino Estoril, porque a todos Lima de Carvalho dava acolhimento.
Antes
do movimento – que hoje se generalizou – de apoio à gastronomia tradicional, já
Nuno Lima de Carvalho pugnava pela preservação
dos pratos típicos de cada região, mormente do seu Minho natal. Recorde-se que,
por isso mesmo, teve, a 27 de Janeiro de 2018, em Cascais, mui luzida homenagem
prestada pela Confraria dos Gastrónomos do Minho, altura em que lhe fiz a
fotografia que ilustra esta minha crónica de saudade.
Em
Duas Vidas, Muitas Vidas, livro que
foi lançado a 26 de Novembro de 2016, deu conta do que fora até então a sua
vida e não hesitou em incluir aí referências a quantos passaram pela sua vida,
quer como artistas quer como amigos.
Partiu,
com a serenidade de ter lançado raízes para a construção
de um mundo mais atento à Arte, ao Belo, àquilo que a Vida, afinal, de mais agradável
nos pode proporcionar. Ao visitarmos, doravante, a Galeria de Arte do Casino, continuaremos
a sentir ali a sua presença, o seu dinamismo, o seu incondicional apoio aos
artistas, que hoje, seu filho, Pedro Lima de Carvalho, faz questão em
perpetuar.
Que
descanse em paz quem nunca desistiu de lutar. Aliás, nessa questão de ‘lutas’,
recordarei que estava sempre a dizer que não compreendia por que razão se não deixavam
as crianças entrar na galeria. Partiu já depois de essa batalha ter sido ganha,
porque tal acesso recentemente se permitiu. Ganhaste, Amigo! Até sempre, irmão
Nuno!
José d’Encarnação
Publicado em Cyberjornal, 2019-05-16:
http://www.cyberjornal.net/cultura/cultura/quem-e-quem/faleceu-nuno-lima-de-carvalho
Belo texto em honra do Dr. Nuno Lima de Carvalho. O mundo seria melhor se o habitassem mais pessoas tão autênticas como este minhoto de eleição.
ResponderEliminarGostava de sorrisos, de sorrir. Acolheu de forma carinhosa a pintura naïf de uma conhecida minha e permaneceram sempre ligados pela Amizade.
Descansará na Paz que mereceu.
Um abraço de Helena V.