quarta-feira, 15 de maio de 2019

Salpicos

             Desnorteadas, as donas de casa. Como é? Roupa de Inverno, roupa de meia-estação, roupa de Verão? Será que não posso mesmo arrumar-me como dantes? De manhã, uns salpicos, aquela chuvinha de molha-tolos que se entranha pelos ossos adentro, parece; daí a pouco, um Sol radioso que é um louvar a Deus; logo de seguida, é capaz de cair um aguaceiro diluvial, as sarjetas quase a não darem vazão e um ribeiro a correr pela rua…
            Cascais – como o resto do País e, suponho, um pouco por todo o mundo – sofre do desnorteio não do Senhor S. Pedro, que já não sabe o que há-de fazer, mas do Senhor Homem que tantas manigâncias trama que põe tudo isto de pantanas e não há Conferência Mundial de Líderes que ponha cobro ao desvario.
            Já lá vai o tempo em que se rogava ao santinho: «Olha lá, eu quero sol na eira e chuva no nabal!». Não era fácil, mas agora nem na eira nem no nabal, o Senhor São Pedro perdeu-se de todo…
            Aguentemos, pois, os salpicos, os aguaceiros; aproveitemos o solzinho quando vem, a água quando cair, que dela bem precisados andamos.

Rua de Santana
            Embora tivessem atrapalhado um pouco, os salpicos (e até os aguaceiros) acabaram por não impediram a continuação das gigantescas obras do prolongamento da 2ª circular, em Cascais.
            Primeiro, foi o pandemónio na Rotunda dos Bombeiros Voluntários, abre vala, fecha vala, põe lancil, obriga a uma só via…
            Agora, é o entroncamento com a Rua de Santana. Aí, foi-se mais drástico, fechou-se e pronto! E tomou-se consciência de que, afinal, também por essa via passava muita gente ida e vinda da auto-estrada, porque o fluxo pelo interior do Bairro da Pampilheira, às horas de ponta, é agora de pôr à prova a serenidade dos condutores e dos vizinhos.
            A altura a que fica a 2ª circular nesse entroncamento leste, devido ao vasto processo de entulhamento do vale, vai proporcionar que se desvaneça o desnível norte-sul da anterior via e a circulação passe a ser feita com maior segurança.
            O pedido de todos: amigos, despachem-se com isso, que o combustível (diria um jovem) «tá bué da caro, sabiam?»!...
            Vamos lá ver se o pedido é atendido.
            Estamos todos a torcer por que sim.

Passe social
            Regozijam os anciãos cascalenses e dos demais municípios da Grande Lisboa: os 50% de desconto que o passe social proporciona dá-lhes hipótese de, por transportes públicos, saírem das suas tamanquinhas e irem até Sintra, até Setúbal, até à capital, por 20 eurinhos mensais.
            Quem diria?
            Abençoada Cascais que esteve no início desta mui prazenteira benesse. E fez bem o Município em plantar cartazes por i a proclamar o primado da ideia, que os senhores de Lisboa já dele se queriam apropriar, os malandros!
            Faltam agora umas acçõezinhas de sensibilização, para que os munícipes se compenetrem dos horários dos autocarros. E sensibilização dos concessionários dos transportes colectivos, para que os horários se cumpram e se comecem a estudar aqueles que mais se coadunem com as necessidades dos utentes. É que, assim, não usando o automóvel, até nem precisamos de nos preocupar se há, ou não, salpicos e se o limpa pára-brisas funciona, ou não, a rigor…

                                        José d’Encarnação
            

Publicado em Costa do Sol Jornal (Cascais), nº 281, 2019-05-15, p. 6.                                   
O trecho entre as duas rotundas, em planta...

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