Por
iniciativa do Departamento de Turismo da Faculdade de Ciências Sociais Educação e Administração ,
em estreita colaboração com a Progestur, está programada para os dias 30 e 31
de Outubro e 1 de Novembro a realização, num dos auditórios da nossa Universidade,
de uma conferência internacional subordinada ao tema Turismo e Património Cultural
(em inglês «Cultural & Heritage Tourism»), aí se prevendo uma análise dos
conceitos, realidades e perspectivas inerentes a esses conceitos.
Multiplicidade de temas
podem, pois, vir a ser equacionados, numa época em que a procura turística se
direcciona cada vez mais para as realidades ligadas ao património cultural nos
seus mais diversos aspectos: paisagístico, arquitectónico, urbanístico em geral,
arqueológico… não se descurando os diferentes aspectos do património imaterial.
Desenvolvimento, oportunidades
de negócios, cultura popular, identidade, inovação ,
cooperação inter-regional, empreendedorismo, rotas turísticas, festivais,
gastronomia e, até, literatura – constituirão, pois, tópicos a desenvolver por especialistas
em cada uma dessas áreas.
A conferência
apresenta-se, por consequência, como forma de realçar o trabalho que, desde há vários
anos, tem vindo a ser desenvolvido na licenciatura em Turismo quer pelos seus
docentes quer também pelos seus antigos estudantes, muitos deles lançados já,
em Portugal ou no estrangeiro, em experiências profissionais deveras
cativantes.
A parceria com a Progestur,
uma empresa turística que se tem notabilizado, por exemplo, na realização dos Festivais
da Máscara Ibérica, vem na sequência de uma colaboração
que não é de agora – recorde-se o Congresso Internacional “Masks & Masquerades – The Multiple Faces of
Europe”, levado a efeito na nossa Universidade nos primeiros dias de Outubro
de 2010 – e reforça a vontade do Departamento de Turismo de alargar as
possibilidades de abertura a entidades directamente relacionadas com o seu
campo de acção , numa altura em que o
turismo progressivamente se alcandora ao lugar cimeiro da economia nacional.
Depois
de anos e anos a vendermos um turismo «de sol e mar», uma vez que, na verdade,
em relação aos países do hemisfério
norte cujos habitantes ambicionávamos receber, dispúnhamos, ao contrário deles,
de um clima bem ameno e de praias acolhedoras, a globalização em que ora se mergulhou e as maiores facilidades
de deslocação para destinos há poucos
anos quase inacessíveis (inclusive do ponto de vista económico) vieram trazer
para primeiro plano a busca das identidades, daquilo que, na verdade, distingue
umas regiões das outras, os povos daqui dos de mais além – porque outras são as
tradições, diferentes os costumes, diversa a mane ira
de ser, e nisso reside o encanto da descoberta .
Por
outro lado, também os ‘destinos’ se foram aperfeiçoando na recepção . Todos se aperceberam que não basta ‘hospedar’
confortável e deliciadamente: urge criar incentivos; importa revelar-se no que
se tem de mais peculiar, quer se trate de uma tradicional festividade religiosa
que arrasta multidões, quer de um petisco preparado com o ancestral requinte
que o torna único. Viaja-se hoje com finalidades bem precisas, que ultrapassam
em muito o mero ócio e o mui gostoso lazer. Busca-se o desanuviamento, sim, mas
há que complementá-lo com alimento do espírito, digamos assim. Vai-se a Paris
não apenas para passear num bateau-mouche do Sena: há que ver também a extraordinária
exposição temporária que se mostra
no Grand Palais; vai-se ao Saará não apenas para ver os oásis e a solidão
imensa das noites no deserto, mas para sentir a alma dos berberes, conviver com
eles, saber de seus hábitos e canções…
Justifica-se,
por conseguinte, este novo olhar. Esta conferência será, não temos dúvida, mais
uma das que, ao longo deste ano, se têm realizado. Cremos que trará novidades.
Ou, pelo menos, que virá acentuar uma realidade insofismável: doravante,
turismo tem de implicar, necessariamente, uma forte tónica cultural. Para isso
estamos a trabalhar!
Publicado em Observatório de
Turismo (Newsletter 07, 16.05.2014), do Departamento de Turismo (FCSEA –
ULHT).
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