sexta-feira, 16 de maio de 2014

Turismo e património cultural vão ser debatidos na Lusófona

EDITORIAL

            Por iniciativa do Departamento de Turismo da Faculdade de Ciências Sociais Educação e Administração, em estreita colaboração com a Progestur, está programada para os dias 30 e 31 de Outubro e 1 de Novembro a realização, num dos auditórios da nossa Universidade, de uma conferência internacional subordinada ao tema Turismo e Património Cultural (em inglês «Cultural & Heritage Tourism»), aí se prevendo uma análise dos conceitos, realidades e perspectivas inerentes a esses conceitos.
            Multiplicidade de temas podem, pois, vir a ser equacionados, numa época em que a procura turística se direcciona cada vez mais para as realidades ligadas ao património cultural nos seus mais diversos aspectos: paisagístico, arquitectónico, urbanístico em geral, arqueológico… não se descurando os diferentes aspectos do património imaterial.
            Desenvolvimento, oportunidades de negócios, cultura popular, identidade, inovação, cooperação inter-regional, empreendedorismo, rotas turísticas, festivais, gastronomia e, até, literatura – constituirão, pois, tópicos a desenvolver por especialistas em cada uma dessas áreas.
            A conferência apresenta-se, por consequência, como forma de realçar o trabalho que, desde há vários anos, tem vindo a ser desenvolvido na licenciatura em Turismo quer pelos seus docentes quer também pelos seus antigos estudantes, muitos deles lançados já, em Portugal ou no estrangeiro, em experiências profissionais deveras cativantes.
            A parceria com a Progestur, uma empresa turística que se tem notabilizado, por exemplo, na realização dos Festivais da Máscara Ibérica, vem na sequência de uma colaboração que não é de agora – recorde-se o Congresso Internacional “Masks & Masquerades – The Multiple Faces of Europe”, levado a efeito na nossa Universidade nos primeiros dias de Outubro de 2010 – e reforça a vontade do Departamento de Turismo de alargar as possibilidades de abertura a entidades directamente relacionadas com o seu campo de acção, numa altura em que o turismo progressivamente se alcandora ao lugar cimeiro da economia nacional.
            Depois de anos e anos a vendermos um turismo «de sol e mar», uma vez que, na verdade, em relação aos países do hemisfério norte cujos habitantes ambicionávamos receber, dispúnhamos, ao contrário deles, de um clima bem ameno e de praias acolhedoras, a globalização em que ora se mergulhou e as maiores facilidades de deslocação para destinos há poucos anos quase inacessíveis (inclusive do ponto de vista económico) vieram trazer para primeiro plano a busca das identidades, daquilo que, na verdade, distingue umas regiões das outras, os povos daqui dos de mais além – porque outras são as tradições, diferentes os costumes, diversa a maneira de ser, e nisso reside o encanto da descoberta.
            Por outro lado, também os ‘destinos’ se foram aperfeiçoando na recepção. Todos se aperceberam que não basta ‘hospedar’ confortável e deliciadamente: urge criar incentivos; importa revelar-se no que se tem de mais peculiar, quer se trate de uma tradicional festividade religiosa que arrasta multidões, quer de um petisco preparado com o ancestral requinte que o torna único. Viaja-se hoje com finalidades bem precisas, que ultrapassam em muito o mero ócio e o mui gostoso lazer. Busca-se o desanuviamento, sim, mas há que complementá-lo com alimento do espírito, digamos assim. Vai-se a Paris não apenas para passear num bateau-mouche do Sena: há que ver também a extraordinária exposição temporária que se mostra no Grand Palais; vai-se ao Saará não apenas para ver os oásis e a solidão imensa das noites no deserto, mas para sentir a alma dos berberes, conviver com eles, saber de seus hábitos e canções…
            Justifica-se, por conseguinte, este novo olhar. Esta conferência será, não temos dúvida, mais uma das que, ao longo deste ano, se têm realizado. Cremos que trará novidades. Ou, pelo menos, que virá acentuar uma realidade insofismável: doravante, turismo tem de implicar, necessariamente, uma forte tónica cultural. Para isso estamos a trabalhar!

Publicado em Observatório de Turismo (Newsletter 07, 16.05.2014), do Departamento de Turismo (FCSEA – ULHT).

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